terça-feira, 26 de julho de 2016

DETALHES




Nas sombras da manhã, se espartilha o sono que lateja nas têmporas,
os vincos nos lençóis marcam a agitação dos pesadelos e da insónia prevalecente. É tão difícil suportar a ausência naquele espaço de intimidade. Perdem-se os cheiros, a indecisão cómica do levantar, que se vai adiando, o rolar dos corpos, as primeiras e últimas palavras antes da dinâmica do dia.
O tactear encontra a almofada, o vazio, O espreguiçar perdeu a graça do significado físico e pretexto de sorriso. Talvez sejam detalhes, mas na verdade, como a obra de arte, mesmo quando parece simples ao olhar comum, é nos detalhes, muitas vezes invisíveis de imediato, que ela se estrutura e adquire a sua importância. Aqueles pequenos detalhes, que têm grande  peso especifico na relação entre dois, em gestos e atitudes como fonte principal da nossa comunicação no nascer dos dias.
Não precisávamos de falar muito, éramos e só.
Resta agora o silêncio, os ruídos da madeira seca da cama quando me sento...e os sons amortecidos pela janela que trazem da rua a outra vida que não tu.

dc




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