Praia do Magoito |
Saí do meu canto, das minhas rotinas,
fui ao desencontro intencional da existência comum. Deixei-me perturbar por
ambientes estranhos, lugares diferentes, pessoas singulares. Furtei-me das
minhas rotinas e deixei-me envolver pelas não rotinas dos outros, mesmo que nem
sempre as melhores.
Fiquei horas intermináveis ao sol,
brutamente ao sol, no areal da praia, banhei-me num mar que temi, em água fria
que não pedi, Caminhei por montes rasgando o céu, só, como eles próprios, com
os meus olhos colados à linha do horizonte desenhada pelo mar, com a brisa
marcando a pele. Fiz caminhadas para ir à civilização do pão, para compor a
mesa. Até passei por Cascais e pelo Guincho, lugares difíceis de habitar...
Entrei no Alentejo, que adoro, nos
quarenta e quatro graus centigrados de temperatura. Aí, nadei tempos enormes,
em piscina pública de grande qualidade, que as terras daqueles lugares fazem
por manter activas e boas. Prendi-me aos casarios brancos, marcados pelo sol do
meio dia, ou pelo sol do entardecer, tomados pelo tom rosa quente. Deixei-me
perder pelas planícies. Fotografei casas, monumentos, torres de igrejas e
castelos, de vários ângulos e diferentes momentos do dia, tentando fixar em
imagem a emoção do que via. Iluminei a alma e o estômago com repastos, com o
sabor gastronómico marcantes. Dormi em camas variadas, umas mais escaldantes outras
menos, em lugares iluminados e outros onde uma vela ou uma lanterna serviam
como referência.
Estive num lindo monte, gozando a
riqueza das relações humanas, entre doutores e homens do campo, almoçando
“Carpa grelhada”, Javali assado acompanhado de batata doce assada, courgetes e
outras variedades de alimentos cozinhados no forno, saladas fabulosas, tudo
feito com o gosto de quem recebe com prazer.
Os dias correram, na suavidade e
irresponsabilidade, de quem não quer saber do mundo tal qual ele se encontra,
como uma lobotomia estabelecida com prazos de começo e extinção. A isto
chamei-lhe férias. E gostei.
dc
dc
Alentejo - Sousel |
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