As pálpebras preguiçosas fazem-no
semicerrar os olhos, observando tudo como um filme em câmara lenta. O sol
apossou-se do alcatrão atraindo os lagartos, que se expõem seguros nas quatro
patas e cabeça levantada farejando o ar. O calor tórrido e a luz recortam os edifícios no espaço reforçando os seus volumes e características, com sombras
marcantes e generosas...um dia de verão de sol e calor abundante. Não lhe
apetece despertar da modorra que em si se instalou. Quer ficar eternamente
assim, insensível a tudo, menos aquela luz que marca todos os objectos que o
rodeiam. Quer que tudo se fixe neste momento, como se nada mais existisse, só ele
e as circunstâncias onde se encontra. Não quer saber de mais nada, não ter mais
nada. Tombado na beira do caminho, cara colada no alcatrão se pergunta, “que
me aconteceu.. há quanto tempo estou aqui?”. O tempo da queda nunca é devidamente
dimensionado, quase sempre inesperada, nunca estamos preparamos para ela.
Difícil é voltar a levantar.
Difícil é voltar a levantar.
dc
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