quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Dia cinzento





Nasce cinzento o dia, refresca-se o ar afastando rapidamente o calor excessivo da véspera, agora tudo mais normal, mais aproximado do clima da época. O problema é que às vezes acontece o dia nascer cinzento, mas muito menos cinzento de que o que nos vai por dentro. Se o calor já lá vai, nada mais resta que encarar a realidade dos factos.
Como tudo na vida, um dia as palavras têm o sabor doce do mel e o perfume das flores e no dia seguinte tornam-se amargas e avinagradas, Umas vezes por influência das variações do tempo, outras porque dentro de nós se vão partindo em pequenos bocados, que nos deixam mais observadores do seu conteúdo, do modo como são utilizadas e muito mais, do modo como são ou serão interpretadas. Está na natureza das pessoas o que as palavras querem dizer, na entoação o sentimento que delas pretendem e entendem fazer, surgindo assim como um retrato de si próprios, que mais se revela nos momentos difíceis. Nada se esconde, ainda que usemos um verniz de grande qualidade ele estalará do mesmo modo. Amar o próximo, ser Madre Teresa, não é saudável, até porque a Teresa segundo parece não era flor que se cheire, e era tudo aparência. Tudo isto afinal porque o dia nasceu cinzento, por dentro e por fora.

dc

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