sábado, 3 de setembro de 2016

...que a dor se espalhe no pó




Anda a dor, passeando entre o coração e o cérebro, na procura de minimizar os estragos, tentando passar uma esponja na causa, no rio das lágrimas, assumir compreensão, entender a tolerância, enfim viver. Que razão nos leva a magoar quem nos “gosta”, quem em nos é presente, divide e aconchega? Para quê esperar a partida, para sentir que afinal queremos ficar... estranho amor.
É ácido o sabor amargo da perda que se nos cola como uma segunda pele, fechando-nos por dentro, com portas reforçadas de indiferença. Queremos que a dor se espalhe no pó, seja absorvida pelo ar, seja levada pelo vento, diluída em partículas que não magoem na passagem...Como um descarnar de emoções, um ficar limpo, necessário a novas partidas e encontros. É um querer renascer, mesmo que os anos estejam marcados no rosto e no calendário que inexoravelmente nos vai dizendo, que o fim cada dia está mais próximo, mas que cada dia vivido com intensidade, terá a duração dos tempos que os sonhos desenham.


dc

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