O cansaço se espalha
pelo corpo, como a água nas cheias se vai assenhorando da terra nas margens do
rio. Entra lentamente e vai aumentando o caudal, até que o seu deslizar e
intensidade vai arrastando tudo consigo. Assim é este cansaço longo de
viver, de esperar, de não saber o rumo que dar. O corpo pesa, a mente pesa, a
vida pesa neste correr de anos de experimentar, tentar no erro e acerto, no
acerto e erro, sempre se esvaziando mais, deixando cada vez menos tempo de
acerto, aprendendo cada vez menos, azedando, e sem espaço para errar sequer
mais uma vez.
O teu olhar torna-se
oblíquo de acordo com os livros e revistas que na estante te desafiam. Já não
inclinas a cabeça. São os olhos que se entortam na azáfama de encontrar algo
que te faça levantar do cadeirão, que te provoque a curiosidade e te faça
empenhar em mais uma viagem que não a tua. Tal a preguiça, a ausência de
vontade de partir, de fazer cacos, de lutar, de conversar e discutir
conhecimento.
Escreves algumas palavras, “botas” sentimentos em letras redondas, em folhas de papel transparente que ninguém tem curiosidade de ler, nem saberiam a fórmula capaz de tornar legível o que expressas.
Tantas vezes como lagarta na couve, vais roendo pedacinhos e entrando no miolo do que em teu redor vive e se agita, correndo o risco de morrer sufocado nesse adentrar no tormento de procura sem resposta. Ninguém quer saber do que queres. Todos têm demasiado, de preocupação e chatice para reparar na tua normal incapacidade, perante a frescura dos que recorrem à ignorância e se deixam levar pela superficialidade das coisas. Crítico? Talvez, demasiado de ti próprio, temendo a insensibilidade e passar ao lado dos que esperam o teu apoio, mesmo que signifique a dureza das palavras, o sofrer por eles, o de viveres, sem que te vejam e saibam, as dores que lhes ensombram os dias.
Deixa-te ir, lentamente, os dias tornar-se-ão menos pesados. O entardecer assumirá seu caminho, e depois, depois que se lixe, já ninguém saberá quem é quem e tudo irá parar ao caixote do lixo dos objetos amorfos.
Escreves algumas palavras, “botas” sentimentos em letras redondas, em folhas de papel transparente que ninguém tem curiosidade de ler, nem saberiam a fórmula capaz de tornar legível o que expressas.
Tantas vezes como lagarta na couve, vais roendo pedacinhos e entrando no miolo do que em teu redor vive e se agita, correndo o risco de morrer sufocado nesse adentrar no tormento de procura sem resposta. Ninguém quer saber do que queres. Todos têm demasiado, de preocupação e chatice para reparar na tua normal incapacidade, perante a frescura dos que recorrem à ignorância e se deixam levar pela superficialidade das coisas. Crítico? Talvez, demasiado de ti próprio, temendo a insensibilidade e passar ao lado dos que esperam o teu apoio, mesmo que signifique a dureza das palavras, o sofrer por eles, o de viveres, sem que te vejam e saibam, as dores que lhes ensombram os dias.
Deixa-te ir, lentamente, os dias tornar-se-ão menos pesados. O entardecer assumirá seu caminho, e depois, depois que se lixe, já ninguém saberá quem é quem e tudo irá parar ao caixote do lixo dos objetos amorfos.
dc
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