Beijei os lábios molhados das
lágrimas, que em seu rosto corriam. Eu sei, é pena termos de partir quando
queremos ficar. No entanto, não dá para acreditar que tudo se emenda com
diálogo, sabendo nós, que foram as palavras que nos afastaram. Não as palavras
propriamente, mas aquilo que elas significaram. Palavras ditas pela mesma boca
que nos beija, escondendo a verdade, magoam-nos tão fundo que não há lágrimas
que as apaguem. As palavras só revelaram aquilo que se encontrava submerso à
largo tempo, a ilusão de que tudo estava certo, misturado com a necessidade de
passar ao outro a responsabilidade das atitudes menos correctas que assumiu, e assim justificar o seu próprio comportamento. Numa espiral de enganos e de mentiras
fica difícil saber em que lugar no meio de tudo, algum dia a palavra amor teve
algum sentido. É inevitável partir, não faz sentido ficar, o beijo não tem o
salgado das lágrimas da alegria, da felicidade, é molhado pela tristeza da
perda de saber que será uma partida sem retorno.
dc
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