domingo, 6 de agosto de 2017

Desfiz-me do tempo





Desfiz-me da hora para não contar os minutos e perder segundos.
Desfiz-me da hora para que não seja certa, para não contar horas de apego,
minutos de tristeza, segundos de desassossego.
Não quero olhar os relógios sejam eles de sol, de pêndulo, de sala de parede, de pulso, da estação, do restaurante, do aeroporto, do tablier do carro, do forno, do microondas, sejam analógicos, electrónicos, digitais, minúsculos ou maiúsculos. Muito menos relógios que marcam diferentes horários de acordo com os respetivos continentes onde estão.
Recuso-me a medir o tempo que decorre, que me perturba, me acelera e me angustia. Quero que o tempo seja demora, para que a noite seja mais longa e que o amanhecer dure uma eternidade, tendo-te entre meus braços. Não quero um medidor de tempo que me rouba as horas de ti, me impede de te ver pausadamente, de saborear cada momento contigo. Recuso-me a olhar um relógio que me tira o tempo, que me rouba as horas de viver, os minutos e segundos encurtando os poucos momentos que temos como nossos. Os medidores de tempo enganam, quando te espero, as horas minutos e segundos duram eternidades, quando te tenho junto a mim eles correm a levar-te para longe. Quero-te sem medir o tempo, para sempre, como as coisas boas devem ser. 



dc

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