quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Tem dias..




Talvez devesse confessar que me fazes falta, de que as tuas mãos ainda são a chama de que se lembra o meu corpo, que a suavidade dos teus lábios, a humidade da tua língua na minha pele ainda permanece latente.
Sinto a tua falta todos os dias, desde de o acordar ao anoitecer, Sem apelar à memória, és presença que interrompe os minutos que decorrem. Uso todos os álibis possíveis para me esconder das memórias, banho-me, desgasto-me física e mentalmente em disparates, entretenimentos supérfluos, leio,  tresleio, prendo as imagens que passam perante os olhos, no entanto tudo se entrelaça em fundidos da tua imagem sobrepondo-se à realidade. Na impossibilidade de te ter, de nos termos, de te ouvir, nos escutando, do possuir, nos possuindo, de te olhar olhando-nos, vou-me definhando da vida deixando que ela se assegure da transformação, me torne um espaço vazio, sem emoções, um corpo como tara perdida.
Escrevo, sabendo que não chego perto de ti, nem lerás o que escrevo, mas ficará no registo da memória futura e te fará perceber um dia, que o amor entre nós era muito mais do que descrevemos na superfície das coisas, nem pode ser explicado em linguagem técnica de psicólogo.

dc




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