sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Tudo a que tem direito



Na dúvida que persistia, procurava incessantemente, rompendo os dias nesse calcorrear à descoberta. As esperanças não são muitas, mas acredita que há uma possibilidade remota de ser ainda premiada pelo seu esforço. Não se importava com a aparência física, só queria que ele fosse bonito aos seus olhos. Entende merecer, sabe também, que tem de aproveitar o tempo que vive, para usufruir de tudo a que tem direito.
Escritores, artistas plásticos, músicos, cineastas e muitos outros, na execução da sua arte, aplicam toda a sua sabedoria na aventura do amor, fixando-o no seu trabalho. Não o amor à obra em si, mas do que ao amor ela se confina, do amor de que se fala, daquele que traz borboletas ao estômago, arrepios na espinha, tremuras no canto da boca, mãos agitadas, suores quentes e frios, tristeza pela ausência, alegria pela presença. Aquele amor dos beijos melosos e molhados, dos olhos brilhando, do corpo inquieto, sim, esse amor do qual as pessoas querem e temem. Seria uma frustração que não voltasse a acontecer, que se esfriasse o corpo antes de usufruir dele (e do outro) o que de mais belo existe.
O fim do ano se aproxima na rapidez do instante, ela só pede que o novo ano traga, de uma vez por todas, a 
realização desse desejo que se repete em todas as celebrações.

dc

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