sábado, 30 de dezembro de 2017

Memórias com sorrisos



As memórias são necessidade obrigatória da existência, para que se cresça, para se aprenda com erros e acertos, vitórias e derrotas, choros e alegrias. São, talvez, o melhor motor para corrigir e apreciar as coisas com novos olhares. Afastemos as piores entre elas ficando somente como registo, da vivência, para que se não repitam, e vivamos as que nos deixam felizes.
Se as memórias nos trazem sorrisos, é porque vale a pena recordá-las. Elas têm sorrisos e trazem a saudade colada a elas. Ainda ouço a tua voz, como quanto tentávamos afastar as distâncias com um telefonema. Tenho saudades de beijar esses lábios despidos de batom, de sentir os nossos corpos desnudados, cobertos pelos mesmos lençóis. Daquele desconversar que abre o caminho ao encontro. Saudade de sentir o teu respirar sereno no silêncio da noite, depois do amor feito a preceito. De ao acordar e ver os teus cabelos espalhados na almofada, o teu corpo moreno, magro, despojado, recortado sobre os lençóis brancos e ver o estremecer das pálpebras dos olhos, semicerrados, em lento despertar.
São estes momentos, que surgem na memória, são eles a razão dos sorrisos, mas não deviam vir agarrados à saudade, deviam surgir na celebração do que foram, acompanhados “pelo nada mais a registar”, deixando criar agora novas memórias futuras. Na verdade, é difícil apagar quando ficamos feridos pela omissão, pela distância e só nos restam, as imagens guardadas, uma ou outra peça de roupa que regista a tua passagem e não a tua presença que alegraria o espaço do meu eu.

dc




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