terça-feira, 2 de janeiro de 2018

A passagem é uma miragem





Tudo já é passado, os desejos, as vontades, os abraços, as risadas e o champanhe. A ressaca da festa atira-nos, pela crueza dos números para a realidade, que não se apaga com a mudança dum dia para a noite. Não o digo por péssimismo, mas é somente a realidade, que teimamos embelezar dizendo: vivam o momento. Estamos no “amanhã”, de ontem, a encurtar o caminho para o nosso fim e nada do que dissermos altera o que vem a seguir, se os nossos desejos e vontades não tiverem uma aposta obrigatória, devidamente assumida, de que mudaremos a todo o momento para fazer melhor. Isto em relação a nós e aos outros, contribuindo para a construção de algo mais importante que venha a ser digno de registo para o futuro.
Erro, eu, na impotência de querer mais, tal a falta de crença no Homem e na sociedade actual, essa que lhe satisfaz a materialidade, mesmo que induzida na sua vontade, onde vai perdendo valores humanos e ganhando novos vícios da inadequada, ou atamancada, adaptação a modernismos e virtuais entendimentos. Todos os dias se vão implantando ideias, através da comunicação de quem manda, que procuram a adaptação lenta ao que eles querem como futuro, para sermos robotizados e aceitarmos a robotização, a biotecnologia sem quaisquer controlos. Para nos convencerem trazem à liça uns “iluminados”, e bem pagos, que nos fazem acreditar, de que somos uns totós se não seguirmos o caminho da manada. Assim, um dia, quando acordarmos já é tarde e estamos instalados em algo que não pedimos, nem queremos, que nos submete como escravos modernos.



dc

"perdemos nosso gosto pelo silêncio. cada vez que temos alguns minutos, pegamos um livro para ler ou telefonamos ou ligamos a televisão. não sabemos como ser nós mesmos sem algo que nos acompanhe. perdemos nosso gosto em estarmos sozinhos. a sociedade retira de nós muitas coisas e nos destrói com barulhos, aromas e tantas outras distrações. a primeira coisa a fazer é retornar a nós mesmos para nos redescobrirmos. precisamos organizar nossa vida quotidiana de maneira a não permitir que a sociedade nos colonize. temos que ser independentes. temos que ser pessoas reais e não apenas vítimas da sociedade ou dos outros."
(thich nhât hanh - monge budista, pacifista, escritor e poeta vietnamita) tx. obtido através de Miriam

Sem comentários:

Enviar um comentário