domingo, 18 de março de 2018

Junto ao lago





As lágrimas se desenrolavam do novelo da alma, percorrendo como um rio o leito de seu rosto. Sentada, em frente do lago, sentia-se acompanhada no seu desabafo com a natureza, vendo os cisnes e os patos no seu nadar silencioso, com o grasnar esporádico deles, ou pelo grito de uma gaivota rompendo o ar. Os olhos embaciados pelo véu da tristeza, eram o espelho do seu cogitar. Ali tudo era mais sereno, podia reflectir sem embaraço, deixando o fluir das perguntas e respostas, sem pressas, numa ponderação suficiente para encontrar as soluções. Pensava nos acontecimentos, imaginava, lugares, espaços, e vivências, na ocorrência da possivel descoberta de uma nova pessoa dentro de si.
A natureza trazia-lhe a calma, lentamente tudo se tornava mais simples. Sem se aperceber, reparando em si própria, sentia na boca um sorriso e que o seu pensamento acompanhava o voar dos pássaros e a sua agitação. Tudo lhe parecia mais simples. Ninguém seria suficiente importante para lhe atazanar a vida. Para quê sofrer por um amor não correspondido, só porque que tinha medo da solidão, ou do silêncio?
A vida pregara-lhe uma partida encurtando o tempo para se refazer, porque não aproveitar o agora com toda a força, sorrir e voar como os passarinhos que vivem na alegria o dia a dia?
Domingo é um dia, como qualquer outro, para se retomar o curso do nosso destino.

dc

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