No silêncio que abraçamos, criamos
os nossos próprios labirintos, com sabedoria poderíamos dizer, ancestral,
confiantes de que, sendo seus criadores, seremos capazes de os atravessar, com mais,
ou menos facilidade. No entanto, mal nos precatamos, criamos um monstro dentro
de nós próprios. Estamos presos no centro, sem nos apercebermos como lá
chegamos, e como sair. Pior de tudo é que temos consciência, de partida, que a
mente nos atraiçoa e nos prega partidas, e como tal as pistas que aceitamos
partilhar e construir, na vã esperança de que se de ultrapassam, será só uma
questão de tempo, deixam de depender de nós e ganham vida própria. Mais difícil
quando não fazemos o percurso a sós e esquecemos, na euforia das emoções, que o
labirinto fora construído num roseiral, onde o cheiro, a beleza e a cor, nos inebriam
e escondem os espinhos. Assim, a chegada ao outro lado, à saída alegre e feliz,
depende muito da capacidade de se confiarem. Da tentativa de acerto e erro, de
ultrapassar os pequenos rasgões na pele, com os cuidados intensivos de quem
prefere a permanência das emoções pelo tempo fora do que ao inebriante e
efémero momento da paixão do começo.
dc
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