domingo, 12 de agosto de 2018

Tempo das flores





Como celebrar depois de tanta ausência, tanto vazio, nesse desaparecimento total, sem volta, se não ir ao mar lançar as flores como oferenda e agradecimento, por me teres permitido acordar da tua dúbia existência.
Ali, arrastando os pés descalços sobre o areal, já não sentia a angústia da tua partida, nem a dor que tinha ficado.  A paz lentamente se ia instalando. Nada se perde tudo se transforma, é um facto. O tempo dá cor à verdade e ajuíza a sua justeza. As flores serviam para te agradecer, por teres um dia passado pelo portal da minha experiência e me teres enriquecido, ao viver a existência tendo-te por perto. Quanto mais não fosse, para perceber que nem sempre a primeira impressão é a que marca os dias que se seguem ao primeiro beijo, ao primeiro abraço, à primeira vez que fizemos amor. Foi o tempo, aquilo que menos aproveitamos, que melhor desenhou o destino do que vivemos. Não existe arrependimento, tudo o que vivemos tinha de ser vivido, ponto.


Beijo. 

Um dia nos encontraremos, se houver o outro lado do mundo, onde dizem já não termos percepção do tempo, nem da sua duração marcada pelas horas do relógio, e então poremos a conversa em dia.


dc





Sem comentários:

Enviar um comentário