segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Na palma da mão




Ela dissera: a sua outra “alma gémea” está numa fronteira longínqua que quase lhe poderia dizer a cidade e com algum tempo de espera lhe diria o país. Era a voz da cigana, ao ler-lhe a sina nas linhas da mão, que de surpresa aprisionara entre as dela. Cuidado continuava ela: será um intenso amor, quase alimento e só ar para viver. Se caminharem até lá será uma vida para sempre. Quererão estar juntos, sempre sem tréguas.
O preconceito propõe a dúvida na cabeça das pessoas. Quem acredita na voz da cigana? Deu-lhe a moeda e fugiu da sua presença, caminhou algum tempo pensando: Como pode alguém, dizer tal coisa e trazer a dúvida, à sua existência de todos os dias e alimentar sonhos. Não qualquer coisa, mas traçar o seu destino num amor com futuro. Na realidade, não era difícil para a cigana dizer o que as pessoas gostam de ouvir, sofrem, umas mais outras menos, da carência e incerteza, desse tal sentimento que chamam amor. Ela, afinal, dava a todos o que queriam ver preenchido, ali tão fácil, na palma da mão. Se o “destino” se cumpria, já não era seu problema, cada um desse a si próprio a oportunidade de acreditar ou não.

dc

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