sábado, 3 de novembro de 2018

Não só ao sábado





Vislumbram na neblina, imagens fantásticas, entre pensamentos e gestos.
Amanhecemos banhados de emoções e desejos incontidos. Procurámo-nos ansiosos, no beijo, nas mãos agitadas, nos corpos insanos que se querem. Vamos na torrente que nos toma. Cada caricia, um sussurro alongado no tempo. Cada beijo uma chama de fogo, cada suspiro um incentivo da carne esvaziando o cérebro. As emoções chegam à superfície, tomam os sentidos, dirigem as mãos na descoberta do corpo, dos desejos e na realização completa do amor. Despertos, fluem até a saciedade, em manobras ágeis que se entrelaçam e findam na explosão dos afagos.
Restam olhando o tecto, como se o céu fosse a cobertura e o leito o prado verde do campo. As mãos se entrelaçam, o ar que respiram tem a fragrância dos que amando se adentram para além da superfície da pele. As cabeças se movem, os lábios procuram docemente o prazer da serenidade. Olhos nos olhos, aguados lagos, onde ainda navegam a ternura e esperança e o desafio sem limites.
Assim começou o dia, de todos os dias, com que sustentam o que os une e alimenta a capacidade de resistir à invasão das coisas menores, que os possam afectar. Não só ao sábado.

dc

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