quinta-feira, 22 de novembro de 2018

No tempo das sombras




No tempo das sombras tudo era indeterminado, qualquer hora servia. Se amanhecia de um lado, do outro ainda noitava, não havia problema, os pensamentos evoluíam no discurso, embora enrolado numa torre de Babel, de atrapalhada fluência. Foi assim, que atravessaram montanhas de sentimentos em voos rasantes, especularam viagens, viveram encontros e dançaram ao som do Danúbio Azul, sem ainda conhecerem a história do rio que separava a cidade. Tempos superlativos, de segredos contados, de acervos outrora fechados. Tudo foi dito escrito e comentado num para sempre, registado, como força de argumento de não voltar a ser divulgado. Em todo o fraseado, sempre, era uma palavra que entremeava, todas as outras faladas, tirando a força às particularidades do tempo que as limitava. Curioso, foi que o para sempre, ficou no registo de cada um, e nele a memória se calçou, para fazer caminhadas às profundezas do pensamento.

dc

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