domingo, 30 de dezembro de 2018

“nonssense”


É a sua forma de meditar. Esconde-se nesse lugar escuro e desconhecido, que lhe permite encontrar-se a si próprio. Ali só as mãos, tocando em si próprio, percepcionam a sua existência, o pensamento divaga a sós. Nesse lugar de segredo, viaja dentro das mentiras na procura de verdades, relaciona os dados, sente os cheiros que nem pensava existirem, apura outros guardados na memória ilustrando-a, Os ruídos têm uma maior importância quando isolados do mundo comum, aqui perdem-se, O ruído está dentro de si e na sua respiração. Vive esse deserto exclusivo, onde nem plantas sobrevivem, precisa saber como consegue aguentar o passar do tempo.
Vezes sem conta, vai bem fundo, até perder a consciência de onde se encontra, procura o “nonssense”, a solução, o entender da razão de ser quem é, neste circular de anos que vão correndo. Tenta perceber a razão da vida, se existe um destino possível, ou são os seres humanos, que pouco criativos, preferem acreditar nesse fim programado. Na verdade, o fim se aproxima a passos largos com tantos momentos irrealizados, tantas horas sem sentido, muita alegria perdida, nesse mutismo irracional que as circunstâncias frustrantes portam, tanta riqueza de sentimentos ilustrando o caminho que se percorre.
Naquele lugar, não havia mundo, existia ele e as circunstâncias que escolhera, para se perceber a si próprio e o que o arrastava para fundo do poço. Continuou olhando lá longe, persistindo na ausência, tendo o mar como lugar de repouso para absorver tudo e serenar.

dc



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