domingo, 19 de maio de 2019

Duas gotas



Nem muito bonita nem muito feia, lábios desenhados olhos expressivos, um corpo de desenho feminino comum, nem alta nem baixa, média em tudo quanto designa o aspecto físico. Ele de igual modo semelhante a ela como espécime masculino.
Adoravam conversar de tudo e nada, desde a profissão à política, passando pelas artes e conversa corriqueira de café. As diferenças esvaziavam-se, nesse acalorado conversar, sem que nenhum quisesse ficar com a primazia da opinião. As tarefas divididas, na casa comum, os tempos ocupados sem perda de individualidade, respeitando-se os silêncios quando necessários. No amor se entendiam, sem escolha de lugar especial ou posição, nada se impunha tudo acontecia fruto de entendimento, de olhares sorrisos, palavras. Eram um casal, não tinham estabelecido prazos ou “contratos”, tudo fluía de, per si. Na realidade, eram como duas gotas de água escorrendo na superfície de vidro da janela, que convergiram em determinado ponto da descida e continuavam juntas no seu deslizar, sem estabelecer quando parariam ou se estiolariam pelo tempo. Bem viver assim é bom e às vezes acontece.


dc

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