Olhava o écran do computador,
como se estivesse numa sala de cinema, onde filme que vemos se aproxima da nossa
realidade, tocando-nos tão profundamente, que muito depois de ter findado,
ficamos na cadeira, como distraídos digerindo e absorvendo tudo o que acabávamos
de presenciar.
O filme tinha como som de
fundo, uma canção na voz inconfundível da Diana Krall. As tuas imagens e os
diferentes efeitos visuais sugerindo movimento acompanhavam a melodia. As
imagens eram o suporte do meu pensamento e construção visual, numa ligação entre
o corpo físico e as emoções que durante anos nos envolveram. Era um filme
experimental, procurando o registo certo, para conservar viva a memória de
todos os momentos e expressões às quais eu colava pensamentos e sentidos
vários. Era um filme feito com amor e do amor. Aproveitara a inabilidade do
dizer, para usar as mais de mil palavras de cada imagem.
Vi-o mais de uma vez e, apercebendo-me dos diferentes erros de execução, tentei
melhorar o resultado, com isso, fui ganhando a consciência dos nossos erros, embora
estes já não se pudessem corrigir, mesmo mudando planos e enquadramentos, ou o
registo da estória. Na verdade, isso era impossível, o intervalo tinha sido
maior que o tempo de um café, agora a única razão do filme existir, além de
preservar as memórias, era permitir a catarse dos sentimentos e aprender com os
erros para não comprometer o futuro. Era um filme de autor, sem público, fora
da caixa.
dc
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