sábado, 29 de junho de 2019

Filme fora da caixa


Olhava o écran do computador, como se estivesse numa sala de cinema, onde filme que vemos se aproxima da nossa realidade, tocando-nos tão profundamente, que muito depois de ter findado, ficamos na cadeira, como distraídos digerindo e absorvendo tudo o que acabávamos de presenciar.


O filme tinha como som de fundo, uma canção na voz inconfundível da Diana Krall. As tuas imagens e os diferentes efeitos visuais sugerindo movimento acompanhavam a melodia. As imagens eram o suporte do meu pensamento e construção visual, numa ligação entre o corpo físico e as emoções que durante anos nos envolveram. Era um filme experimental, procurando o registo certo, para conservar viva a memória de todos os momentos e expressões às quais eu colava pensamentos e sentidos vários. Era um filme feito com amor e do amor. Aproveitara a inabilidade do dizer, para usar as mais de mil palavras de cada imagem. 

Vi-o mais de uma vez e, apercebendo-me dos diferentes erros de execução, tentei melhorar o resultado, com isso, fui ganhando a consciência dos nossos erros, embora estes já não se pudessem corrigir, mesmo mudando planos e enquadramentos, ou o registo da estória. Na verdade, isso era impossível, o intervalo tinha sido maior que o tempo de um café, agora a única razão do filme existir, além de preservar as memórias, era permitir a catarse dos sentimentos e aprender com os erros para não comprometer o futuro. Era um filme de autor, sem público, fora da caixa.

dc


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