quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Uma outra Maria



Maria, vive assim todos os dias, se deita e levanta, com a mesma a certeza da noite e do dia. Tem um trabalho diário intenso, responsável, comum é o horário por turnos, que quase fica com tonturas no momento inicial da adaptação a cada turno que varia. Vive o casamento, pela rotina dos dias e com os desencontros que o horário de trabalho traz, contribuindo para o esgotamento do amor que os uniu. Raro existe outro espaço em que o tempo permite a distracção. Não pensa muito em futuro, o presente já é tão confuso de resolver.
Tudo seria mais fácil se tivesse agora um alguém, que fosse o seu verdadeiro amor, com quem partilhasse, uma espécie de braço suplementar da sua vida. Quando assim acontece, tudo é mais fácil, para suportar as noites e dias incertos e encontrar horas, minutos, ou segundos, para o sorriso espontâneo que surge, para o prazer de estar, ser e existir. Nesses momentos gratificantes, onde os abraços do companheiro, dão conforto, são o carinho e atenção, necessários a uma harmonia, na vivência. Sentir nos seus braços, o acolhimento, o beijo apetecido, a carícia certa. Aquele beijo que sem demora, dura o tempo que se quiser, e deixa surgir mais amor, na manhã que desponta, na tarde que se amorna, ou noite de luar que chega. Esse amor que é o intervalo necessário para que a vida valha a pena ser vivida. Maria é um ser partido, filhos crescidos, e um casamento sem norte, talvez por ter morrido, na rotina de uma vida tirada à sorte.

dc

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