Tudo se mantém entre o sonho
e o pesadelo da realidade. Que importa quantos anos passem, quantas as
caminhadas feitas sem destino, quantas as manhãs frias pela ausência, quantas
noites escuras com breu de olhos abertos esperando sonos, quantos os silêncios
com o olhar perdido nas paredes carregadas de livros e pinturas, quantas as
flores cortadas ou árvores podadas? Nada. Tudo isso são coisas que não
arredam o que sente dentro de si. Ficaram os cheiros, a pele tatuada pelo toque dos seus dedos e
doçura dos seus beijos, o amor feito sem pressa, as idas e vindas quebrando
tempo e distância trazendo o sorriso e brilho aos olhos; a paragem do tempo,
sentados na beira rio junto à foz, olhando o morrer do dia na linha do mar. São
memórias em tinta invisível que facilmente se revelam, desse mundo submerso
entre o sonho e a realidade, como o facto de ser domingo.
A data não está marcada, os
dois ainda não têm a sabedoria da natureza na rotina das estações do ano, ou do
ciclo das marés. Um dia irá acontecer, mais cedo do que tarde, e nessa altura se saberá qual o fio condutor que mantém os espíritos ligados a essa chamada, estória
de amor.
dc
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