domingo, 21 de junho de 2020

Domingo empanicado


Fechados, isolados, com o cutelo sobre o pescoço, vamos sendo intimidados com o medo da morte ao virar da esquina. Permanecemos, egoístas, defendendo o nosso castelo, mascarámo-nos, fugimos de quem gostamos, afastámo-nos de encontros em passeios, e das risadas em comum. Ouvimos as notícias, caindo como se fosse chuva, algumas delas contraditórias, e assim as pessoas não sabem a quantas andam. Vamos ficando calados, ou falando exageradamente do que desconhecemos e aceitamos por obediência, não por consciência. Ontem quarentena, mal conversada, hoje calamidade indeterminada. Empanicados, sujeitos à voz de quem manda e pouco esclarece, cortam-nos as pernas à esperança, ou nos dão como saída um futuro onde eles são donos e senhores, governando em nome da segurança, pela troca da liberdade. Há que abrir bem os olhos, dimensionando até onde os deixamos ir. Neste mundo “moderno”, somos telecomandados nas decisões, e aceitamos ser policias de possíveis servidões.

dc

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