segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

A coisificação da data

Venderam os nossos enamoramentos, fizeram deles, um dia de celebração comercial, passaram a ser representados por chocolates, flores, vasos com plantas, perfumes de qualidade, relógios com corações, roupas íntimas com rendas de cores especiais e muitas outras sugestões num mundo objectificado das nossas emoções e sensibilidades. Tentam tudo, para que se faça a troca de “coisas” e pirosices, especificadas pela razão de marketing, ou pela comercialização, que são deitadas mais cedo, do que tarde no caixote do lixo, ou arrumadas para um baú de perdidos escondido no barracão do quintal. Isto junto com a data escolhida, de 14 de Fevereiro, que apela a uma celebração infeliz, pois segundo reza a história, foi o dia que o Padre Valentim foi decapitado há cerca de 1750 anos. Subjacente a isto há efectivamente uma estória de amor, mas um amor manifestado, em palavras e vontades, em emoções e milagres, em sentimentos vividos e intensos entre dois seres humanos. A coisificação desta data, atira-nos para a geração de indivíduos, que assistindo ao desastre, não se preocupam com as vítimas e o seu socorro mas com a rapidez da selfie e o seu envio para os milhares de amigos virtuais, manifestando o espectáculo perdendo-se da dor de quem sofre. Tudo materializado “na coisa”, que ninguém sabe o que é, e que nos dias de hoje se vulgariza pela frase:  é um amor, “tipo” assim..
Continuo a dizer, namorar é bom e eu gosto, acima de tudo regado da generosidade e frescura deliciosa das novidades e emoções que a sua vivência nos traz.

dc

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