sábado, 8 de maio de 2021

A ver o rio

 

 

Cheguei e passeei-me pela beira rio, depois sentei-me e fiquei silenciosamente, observando os praticantes de exercício físico de fim de semana e de todos os dias, os passeantes, a sós, de mão dada, ou lado a lado conversando, e os que simplesmente, como eu, sentados, eram companheiros de partilha daquelas imagens, que se sucediam como um filme aos nossos olhos. Quanto a mim, fui seduzido pelas crianças na sua algazarra alegre, brinquei com eles nos baloiços, pesquei à cana, voei com as gaivotas, naveguei com os pequenos barcos de recreio, vibrei com a brisa que vinha do mar, banhei-me de sol e alonguei-me no horizonte que me trazia a outra margem fervilhando de movimento e cor. Uma certa leveza se foi apoderando de mim, fazendo-me esquecer das máscaras incómodas, o medo que ainda se sente, nos olhos escondidos nas olheiras profundas, nos desvios de trajectória ao cruzar dos caminhos. Fui para onde o pensamento me quis levar e quase me esqueci, que o tempo passava e tinha de regressar. O espanto da situação deixa-nos aturdidos, não sabemos se vivemos, ou se sonhamos, temporariamente ficamos fora do chão e uma paz interior se instala e um prazer estranho nos faz sorrir e caminhar de regresso, ao velho mundo que habitamos, com energia renovada.

dc



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