Como se fosse um caminhar, os
seus lábios, colam-se em outros lábios, são duas bocas semiabertas, percorrendo
distâncias imensas no desfrute das sensações. Envolvem-se as salivas, as
línguas se cruzam, em repetições sucessivas; a sensualidade é absurda, as bocas
sorvendo, mordendo, se acalentando na respiração, procurando, bem fundo, como
se quisessem encontrar a razão, que liga duas bocas se amando. Sem que as
palavras se acrescentem, as bocas fazem o caminho para a descoberta do indizível,
que nos corpos que se despertam. É uma busca errática e conduzida pela
intuição que a proximidade desbloqueia. O que foi princípio, se vai
metamorfoseando, com o rolar do tempo, as emoções se esclarecem e a
aprendizagem, culmina na explosão dos sentidos; muito mais tarde a serenidade se
encarregará de esmerar, revivendo. À superfície chegarão, novos saberes, novas vivências
e aromas, as morfologias se desvanecem, fica somente o prazer de sentir o
aturdido silêncio, retemperador, depois do êxtase.
dc
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