domingo, 15 de agosto de 2021

Amor(b)eijo

 

Como se fosse um caminhar, os seus lábios, colam-se em outros lábios, são duas bocas semiabertas, percorrendo distâncias imensas no desfrute das sensações. Envolvem-se as salivas, as línguas se cruzam, em repetições sucessivas; a sensualidade é absurda, as bocas sorvendo, mordendo, se acalentando na respiração, procurando, bem fundo, como se quisessem encontrar a razão, que liga duas bocas se amando. Sem que as palavras se acrescentem, as bocas fazem o caminho para a descoberta do indizível, que nos corpos que se despertam. É uma busca errática e conduzida pela intuição que a proximidade desbloqueia. O que foi princípio, se vai metamorfoseando, com o rolar do tempo, as emoções se esclarecem e a aprendizagem, culmina na explosão dos sentidos; muito mais tarde a serenidade se encarregará de esmerar, revivendo. À superfície chegarão, novos saberes, novas vivências e aromas, as morfologias se desvanecem, fica somente o prazer de sentir o aturdido silêncio, retemperador, depois do êxtase.

 

dc

 

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