terça-feira, 10 de setembro de 2024

A linha que alinha

 

Talvez linha
Talvez ideias em linha

Se alinham ideias
Com as formas da linha
Quando juntas as linhas
Na expressão do corpo

As linhas conformam
Contornam
Sem desconforto
Linha do rosto
Linha do seio
Linha da coxa, da anca
Da vulva no meio
A linha espanta

Dó ré mi sobre a linha
É a linha da pauta
Na música que se canta
Os pontos fazem a linha
A linha justifica os pontos
Esclarecendo a linha
A dimensão dos pontos

É a estória da linha

No mundo dos contos

 

dc
 




quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Sábado ao ritmo de sobrevivência

 


A guitarra eléctrica com o seu som estridente, ressoava no espaço, a bateria não deixava que ela se isolasse num único som. As baquetas rasgando a pele dos tambores; o baixo, tremendo de excitação não se fazia rogado; as congas percutiam debaixo de mãos agitadas, marcando um ritmo latino; no órgão as teclas, mexiam-se como movidas pela ondulação dos dedos, finos escorreitos sobre a sua superfície. Todos os executantes, se tornavam, temerários e avançavam a todo o vapor soltando notas de vida perante estridência que Santana fazia explodir na sua guitarra. Muita gente, enchia o salão, movendo-se em ondas rítmicas, seguindo a vibração positiva que enchia o ar. No seio de todo aquele agitar, um homem e uma mulher, tipicamente latinos, se isso é possível dizer, dançavam, faces afogueadas, cruzavam as coxas, ou rodopiavam em contorções, de corpos colados, ou afastados, movimentos incríveis de sensualidade, acompanhados dos pés voando sobre o soalho polido. Os corpos suados, rostos transformados, olhares esbraseados. Todos aqueles que dançavam, naquele salão, estavam como que possuídos num terreiro de candomblé. Alguns outros de olhos presos no pare que se destacava, abanando a cabeça, mexendo o corpo, envolvendo-se no ritmo. Sábado de descanso. Sábado para derreter a pressão e o stresse da semana, deixando o corpo sobreviver ao ritmo da vida.

 

dc