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sexta-feira, 5 de abril de 2024

Envolvidos..


….a mão estava ali, avançava na direcção da sua boca, os dedos tocaram nos seus lábios, como se cego fosse, querendo conhecer o caminho para dentro dela…o seu corpo tremia de emoção e ansiedade… o mundo era pequeno demais para o que sentia, seus lábios, por certo, queimariam a ponta dos seus dedos, seria melhor que ele a afogasse com os seus lábios e a possuísse definitivamente, arrefecendo as vontades, saciando o corpo. No seu coração e na sua mente o seu amor já era dele.
….ele tocava-lhe os lábios, e sentia-se dominado pela força que dentro dela lhe chegava, ela já era dona do seu corpo, seu pensamento, seu coração, só isso fazia sentido, naquele calor que parecia queimar-lhe a pele da ponta dos dedos, sentia-se possuído pelo voo irrepetível da paixão que se desfaz em amor que adentrava no seu ser, O prazer de permanecer, definitivamente a seu lado, naquele abraço que não se desfaz, na morna serenidade, da realização dos afectos.
     domingo à tarde, por vezes, para alguns, a vida acontece, que eles mereciam, mereciam…se o fizeram...  

 

dc

 

domingo, 17 de março de 2024

E tudo ficou por aí

 

Sentia-lhe o sorriso irónico, os óculos escuros, não permitiam uma melhor leitura, só via aquele trejeito nos lábios. Custava perceber a razão, se nunca faláramos, pelo menos, que eu tivesse lembrança. Se nunca lhe escutara voz, o que a levava, ao cruzar comigo, nos passeios da rua a expressa-se daquela forma. Um dia cruzámo-nos, bem perto, quase sentindo a respiração, mas não mais do que isso, e permitiu aperceber-me dum rosto, sem óculos e sentir o olhar, brilhante, de um verde-mar. Não posso adivinhar, qual seria a minha expressão naquele momento, embora tenha de reconhecer a dimensão física da sua figura, sobressaindo em relação ao restante dos que ali circulavam, é possível que o pousar dos meus olhos, nos seus olhos, me tenham traído. Talvez o meu olhar despido de preconceitos, tenha evidenciado mais do que devia. Tudo ficou por aí. Não mais a vi pela vizinhança, foi um fogo-fátuo. Lembrei-me, porque a primavera está a chegar e tudo volta a florir. Quem sabe o que poderá acontecer?

dc

 


sábado, 17 de fevereiro de 2024

Um beijo é mais que um beijo

 


O beijo era uma marca registada no seu amor. A frescura da sua boca, realçava-se na humidade da sua língua, nos seus lábios carnudos e no macio da pele que os debruava de milhares de pequenos relevos que os formavam. Era como se tratasse de um fruto que não sabia explicar a sua nascença, mas de modo definitivo, o atingia com a riqueza do sabor emoção, que fazia estremecer todo o corpo. A sua boca era o lugar de reconhecimento do sentimento que dentro brotava de forma intensa, onde gostava de prolongar, a sua presença. Nunca pensou que seria assim, algo tão físico, ao mesmo tempo, tão pouco carnal, ali sentia-se desvanecer, perdia as forças e o pensamento borboleteava, num voo sem fim, como se a vida fosse uma primavera constante debruada por aquele encontro dos seus lábios. Nada tinha a doçura, saudável, daquele beijo que eternizava a força daquele amor que nunca explicaria por palavras. Horas passadas ainda restava, nos seus lábios, o calor e o sabor, daquela boca que de modo egoísta e quase possessivo chamava de, sua. Neste momento pensava, que após tantas bocas, persistentemente beijadas, as situações de decepção tornaram-se um hábito, sem perceber da importância e significado da troca de um beijo.

 

dc

sábado, 30 de dezembro de 2023

Sem comentários /no comments/keine Kommentare/بدون تعليقات


Partiu, deixando gelado, este corpo cansado, improdutivo, já sem vontade, para resistir mais, sem réstia de coragem para suportar, um novo tempo de espera, de que um novo ser nasça, no lugar do que perdeu. Enrolou-se no seu próprio corpo, ajoelhada, esmurrando de punhos cerrados a areia. A dor era avassaladora, indescritível, roía por dentro, como um ácido, e cada segundo parecia uma eternidade. As gaivotas sobrevoavam, nos céus, no seu piar histérico, como carpideiras em funeral. A espuma que se desprendia das ondas, no agitar da água do mar, era como chuva tentando lavar aquele sentimento que não esmorecia. As lágrimas caem no mar, como a rosa-branca se despede das suas pétalas, que se vão desfazendo, na agitação da maré. Como chegou aquele projéctil no meio de nada cercear a sua vida? Quem tem ordem de disparar sem aviso, e num milésimo destrua, o amor tão frágil ternamente criado, que nunca chegará a ser adulto? Quem justifica o injustificável?

 

dc

 

                Samer - World Goes Blind (Lyric Video) | it feels like the world goes blind

 

sábado, 9 de dezembro de 2023

Escrevi-lhe..

Escrevi-lhe uma carta, apaixonada, romântica, possivelmente cheia de lugares-comuns, como se escreve, em amores tão simples, nas pessoas que só amam. Não obtive resposta. Esperei tempos infinitos, e depois abandonei-me em pensamentos desordenados, sem encontrar um fio condutor. Desde sempre estranhara, que depois daquela noite, qual o tipo de dúvidas lhe terão surgido, que a levassem a afastar-se no dia seguinte, sem qualquer explicação.
Fiquei sem respostas, a carta procurava lembrar, revelar a mágoa que ficara, e como o  orgulho mumificara o gesto possível, de se questionar. Na minha mente a chave continuava pendurada na porta...
Hoje mesmo acordei pensando na mesma questão. Muitas dúvidas mais surgiram. Será que eu escrevi mesmo a carta e a cheguei a enviar? Será que o remetente e o nome estavam certos? Já recomeçou outra vida? Tudo desculpas por temer que a resposta pudesse chegar, ou na realidade, temia que a razão da ausência de resposta há muito se encontrava dentro de mim. Recomecei a escrever, uma outra carta, que se me dirigia, esta agora, como catarse possível de tal apego


dc


sábado, 30 de setembro de 2023

Nasce o sol dentro de mim..

 

Nasce o sol dentro de mim, sempre que te vejo, com os olhos de quem ama. Quando a carícia, inesperada, dos teus dedos, roça a minha face logo antes de me beijares, e sinto o teu corpo contra o meu, sem lugar a dúvidas, ou incertezas, como se quisesses adentrar-te, construindo um corpo único. Nesses instantes, o teu calor é intenso. Os teus lábios, tem o sabor do mel quente, das noites de inverno. O perfume do teu corpo inebria-me e se realça de tudo o resto, marcando o ar que respiro. É tão doce, a ternura que acordas em mim, que me sinto pleno, capaz de suportar e superar todas as esquinas e arestas que a vida me coloca.

dc


terça-feira, 19 de setembro de 2023

Na periferia do corpo...

 

Não fui capaz de a cumprimentar. Ela condiciona o meu raciocínio. A minha admiração, ao vê-la, tolhe-me, deixa-me envergonhado, tímido, como naquele caso, onde bastaria estender a mão, ou dar-lhe um beijo na face. Falta-me o atrevimento necessário, para ultrapassar a periferia do corpo e acalentar no conhecimento possível. É bem possível, que ela me tenha olhado pelo canto do olho, esperando um gesto meu, na sequência do aperto de mão, que dera ao nosso amigo comum. No entanto, eu nem sequer tinha elevado o olhar, para enfrentar o seu, pois sabia que não resistiria ao seu brilho e cor clara, aquele cabelo que lhe moldava a expressividade do rosto e toda a beleza estética que emana. Da minha boca só saíram frases incoerentes, numa tentativa vã de esconder toda a minha sensaboria, perante alguém cuja presença parece fluir, como é natural nas pessoas dotadas. Eu, felizão, de a saber ali tão perto, com a consciência de que seria o mais próximo que estaria, nunca seria capaz de ultrapassar a periferia do corpo e chegar ao âmago de si própria. Ela sorriu, com a boca e os olhos, e eu, quase fugi, de passo apressado. Ela nunca saberia do alvoroço que me causava, nem como me sentia incapaz de manifestar.

 

dc


terça-feira, 29 de novembro de 2022

Talvez seja...

Eu sei que precisas de mim, que não vives sem a minha presença na tua vida. Quando, por alguma razão me ausento, ficas frio incomunicável, vazio, silencioso. Os teus olhos perdem o brilho, a tua boca é uma linha que não se desmancha, as tuas mãos ficam geladas, os teus braços não reconhecem o prazer dum abraço. A tua criatividade esmorece, nada do que produzes tem alma, nada te satisfaz, és uma página de rascunho permanente. Sem mim não destrinças, na guerra dos sentidos, a paz da agitação. Tem vezes que te desculpas, justificando, não quereres mais sofrer, sendo preferível a abstracção. Dizes para ti próprio, que assim, evitas a tristeza, que a minha ausência traz ao teu crescimento. Covardemente, foges daquilo que eu te dou, tens medo do engrandecimento e da nobreza dos sentimentos que desperto em ti. Esmagas-me com a mesma fúria com espezinhas as folhas secas, que no chão o outono deixou, nessa raiva de saberes o quanto sou importante. Temes ouvir o meu nome, evitas que seja pronunciado e o que ele representa, mesmo sabendo tu, quantos o usam, na sua forma de estar neste mundo, partilhando-o e sentindo a felicidade de o possuírem. Contrariando esse teu pensamento, procuro que reflictas, se vale a pena fugir de mim, eu tão simples, como as quatro letras que fazem meu nome, mas que não deixará de te motivar, surgindo no deitar das noites, como um mantra que se repetirá e te ajudará a adormecer, colando-me assim aos teus sonhos, como a tua sombra até que novamente, faça parte intrínseca de ti e do teu vocabulário de existir. Talvez seja dor, talvez seja pieguice, talvez seja amor

 

dc

 


domingo, 27 de novembro de 2022

Resistir, resistir sempre

 


Alimentamos fantasmas, esgotando a capacidade de entendimento. Procuramos razões, fugimos de nós, sem saber onde tudo começou e acabou, desviamos os olhos e o pensamento, para o lugar das flores, na espera de que o seu aroma nos distraia, da sujeira que nos rodeia, como paliativo, ou disfarce, da precariedade em que vivemos e das dores que somos tomados. Torna-se difícil tolerar, os que usam o poder, para nos enganarem, dizendo que estão do nosso lado. Levam-nos ao extremo das dificuldades e depois tentam corromper-nos a moral, dando o dinheiro que nos foi roubado. Eles preocupam-se com os outros, em guerras e terras distantes, e esquecem-se daqueles que diariamente são espoliados na sua casa. Não é o povo que faz as guerras, permite o enriquecimento dos bancos, e dos oligarcas, ele só conhece uma coisa, o trabalho e ter de lutar diariamente, desde que nasce, para possuir algo que minimize as más condições materiais, culturais e de saúde, necessárias à sua subsistência. Continuamos, resistindo e persistindo em contrariar esse, quase destino, acreditando que um dia, com o esforço comum dos povos, possamos impedir que parasitas nos governem, e poderes subterrâneos imponham as suas vontades.

dc


quarta-feira, 29 de junho de 2022

Qual a pergunta?

 


Tanto tempo passou desde o último beijo. Na gare, deu-se a partida para o outro lado do rio. Quando, dentro do carro, viu o comboio partir, sentiu os olhos embaciados, um frio no corpo e uma espécie de vazio interior. Aquele beijo, gesto de despedida, deixou na boca, o calor e vontade de querer mais. Do abraço, ficou no corpo a sensação e temor estranho, duma ida sem regresso. O perfume, sobrando na pele, se aliou aos gestos, vindo a fixar-se na memória. Seria a última vez que se veriam. Ainda hoje, estranhamente, não sabe qual deles escreveu as últimas linhas daquele romance. Daí, de vez em quando, fluindo no texto, repete-se no tema, na tentativa vã de que a qualquer momento encontrará a resposta à pergunta que não se quer calar.

 

dc