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segunda-feira, 15 de julho de 2019

Sem palavras (à toa)



Deixo que as palavras sejam donas, que respondam aos meus desejos, solto-as, como pássaros saindo da gaiola. Deixo sim que elas comandem as minhas vontades, que se assenhorem e sejam na ordem que entenderem. Trabalho, coragem, vontade, esforço, amor, felicidade, ternura, humanismo, memória, beijos, abraços, mulher, homem, família, alegrias, amizade, pátria, povo, lugar, espaço, tempo, natureza, animais, céu, sol, terra, água, mar, rio, casa, cor, arco-íris, cor de íris em olhos de vida. Não, não deixo que outras palavras, essas outras que também existem e magoam, tenham lugar, mesmo sabendo que são tão reais que eriçam a superfície da pele, que imobilizam, que têm tonalidades graves, estridentes e que são dominadas por cores pardas, e muito menos gosto quando são em língua cuja origem desconheço.
Enquanto eu puder, decido o quanto quero ouvir, o que quero ouvir, quem me pode dizer, e como encerrar as portas de entrada, ao que não quero ler, que não contribui para o meu bem-estar e daqueles que, próximos, me são tão necessários como a alimento de sobrevivência.


dc