Caminhava eu ao longo da marginal observando atento o mar. De vez em quando olhava para o interior da marginal, onde os carros estavam estacionados. Em muitos deles se namorava, olhando também o mar, ou trocando beijos e carícias que se sentiam sem se ver. Gostava do que via, mas sentia uma tristeza imensa por dentro, uma nostalgia e uma dor, enorme por alguém partira sem regresso.
Era um dia de inverno e o sol que estiver atento, esmorecia lentamente dando origem a nuvens cinzentas, que se foram aproximando do horizonte em direcção à terra. Senti um arrepio quando a sombra se começou a generalizar pelo espaço, o que me fez olhar o céu. Este estava plúmbeo e tinha um rasgo atravessando-o. O avião, que eu ouvira no meio do marulhar das ondas, tinha deixado a sua marca na paisagem, tal como aquele momento que eu estava a viver. Daí às tintas ainda demorou seu tempo, mas na memória nunca foi esquecido aquele momento, como aquele alguém que partira, deixando-me mais só.