quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sentei-me no regaço do tempo


Sentei-me no regaço do tempo,
esperando de coração aberto
Que chegasses a qualquer momento
e de mim ficasses bem perto 
Nenhuma nuvem no céu, só um sol pleno
Num nascer do dia de amor forte sereno
Vivemos intensamente cada dia para que tudo florescesse
E num futuro mais próximo o amor crescesse
Não sei o que mais perturba, se o prazer teu
Ou nunca saber como tudo aconteceu.

Seremos capazes de certo de amar em céu aberto
De dormir nas dunas do deserto
E descobrir cada dia que meu o mundo é também o teu
Beijar-te-ei do fim do dia até ao amanhecer,
Percorrendo todos os recantos onde o amor te faz estremecer

Sentirás a cabeça perdida e o silêncio de cada espera
Como uma linda manhã em plena primavera
Sofrerás algumas tristezas, dias menos felizes
Agora com pequeno matizes
De um colorido maior que te enriquece
Por saberes minha flor que o amor prevalece






 

SOLICÃO.Porque há solidões de cão

A solidão, é algo que atravessa a vida de todas as pessoas.

Solidão palavra tão curta, de tremendo peso e dimensão.

Existem várias formas de sentir a solidão. Solidão do ser humano para com os outros. Solidão acompanhado, solidão consigo próprio, solidão entre quatro paredes, solidão no meio das multidões. São estas, algumas, das várias formas solidão. De forma inconsciente essa "besta", a solidão, se apodera lentamente, se aproxima sem que sinta, de pezinhos de lã, como quem não quer a coisa. Solidão imensa, de choro e lágrimas percebida muitas vezes tardiamente, ou irremediavelmente sentida, no decorrer dos dias.
Há também a solidão de um país marginal, porque pobre, porque outrora rico e agora esgotado pelos que o exploraram.
Há a solidão do nosso próprio país que nos marginaliza e os deixa morrer na enxerga.
Há a solidão dos pais idosos, de quem os filhos se esqueceram, num qualquer lar para a Terceira Idade, ou que os deixam fenecer lentamente de abandono e tristeza.
Há a solidão dos que perderam os pais, os filhos, em actos de guerra ou de guerrilha, que não entendem a não ser o próprio silêncio, e que por vezes se transformam em detonadores de ruídos, quando de bombas na cinta se fazem explodir, fechando o circulo de morte para onde foram atirados.
A solidão já não tem idade, ela atinge as crianças do Darfour, do Iraque, do Afeganistão, a da Nigéria, e no mundo suburbano das crianças das cidades, onde algumas, atiradas para a rua, se deixam morrer de inanição.

Há a solidão como opção, porque estar só não implica sentir-se só, é um modo de estar. Há quem goste, de ouvir os seus silêncios, enquanto espera os ruídos da outra alma que aparece. Por vezes, a solidão alimenta o prazer da companhia que surge e os abraça, preenchendo espaços ilimitados da vida.

Às vezes, a solidão também é um gesto de amor, que mantém vivas as emoções, que nos fazem gozar o prazer único de reviver olhando o mar, ou sentindo o cheiro da flor que amou.

A solidão não devia existir para quem não a quer, ou procurou. A solidão, nesta era da comunicação, da chamada mundialização, ou globalização, não devia ser uma “companhia” para tantas pessoas.


Imensos são os cavaleiros andantes, rainhas do sonho, procurando em blogs e sites de encontro, a esperança de matar o ócio não procurado e o isolamento. Tentam desfazer essa solidão, caminhando no silêncio do seu espaço físico, ou teclando fervorosamente. É necessário acordar. Diariamente circulam de perto com outros, que como eles solitários, esperam um sorriso, um só sorriso, para quebrar o gelo e dizerem “olá eu também estou aqui”. Cerram o seu espaço, fecham a porta ao olhar que se lhes dirige, ao sorriso, às palavras de circunstância, com o medo de algo, de não se sabe o quê. Falar, sorrir, não é entregar a alma ao diabo, é comunicar. Não com um monitor de qualquer computador, mas com seres humanos, gente que sente que vive, que sonha, que, como eles, quer ter a solidão que escolheu e não a que a sociedade fomenta, ou destina.


Porque não, quando saem à rua, olharem com prazer para quem querem, e sorrindo sem medo ou censura? Porque não enfrentarem, aqueles olhos bonitos e profundos? Porque não apreciar a curva dos lábios que lhe sorriem, e lhe verem a alma? Por quê tanta reserva de serem humanos, vivos, presentes, trocando o teclado de frases desconhecidas, na maioria das vezes desligadas do cheiro da pele, da luz que brilha nos olhos e da própria realidade?


Sim, é necessário reflectir, sem medo de descobrirem, o que dentro deles existe. Se for mau, têm tempo para corrigir, se for bom, têm tempo para aplicar e VIVER.


Escolher a comunicação net, como lugar privilegiado de comunicação é procurar um maior isolamento, e aceitarem irremediavelmente essa condição. Passam horas respondendo superficialmente a tudo e nada, a mastigar frases e palavras truncadas, tantas vezes alimento de discursos sem sentido. Para quê, se o silêncio da solidão não morre?


Saiam, vão ao cinema, à biblioteca e pelo caminho, pisquem olhos, vejam pessoas, espaços, jardins, sorrisos numa feliz loucura de estarem vivos. Arregacem as mangas à vida. E por favor sejam felizes.




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

QUE MAIS SE PODE DIZER


No jornalismo ou em qualquer área profissional, social, ou pessoal tem todo o sentido:
"Possuímos a incrível virtude de reagir para lá da biologia e de nos enfurecermos quando os nosso códigos éticos se vêem agredidos. À cólera perante a injustiça chama-se indignação."
"A defesa da identidade pessoal é um processo natural e saudável."

Walter Riso – Não Obrigado


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

PLACAS DE WC

Esta é uma das muitas funções que cabem aos designers e também em alguns casos aos arquitectos.
O design Gráfico procura clarificar e facilitar a comunicação. Através do design se consegue fazer com que a mensagem cumpra a sua função, que tenha qualidade estética.

Os exemplos apresentados, mostram como uma simples placa de WC, pode transmitir de formas criativas e variadas uma mesma função comunicativa.

FOLHA DE UM DIÁRIO

No teu rosto o espanto da minha resposta. Eu disse que sim à tua pergunta. Aceitei ir de comboio levar-te a casa. De todo, esperavas a minha anuência, tinhas feito uma provocação, para acirrar o meu interesse. Foste surpreendida e o meu entusiasmo deixou-te a pensar.

Nós conhecemo-nos nos corredores da faculdade. Era no entanto na cantina onde habitualmente tomavas o teu chá sem açúcar, antes de ires para aula de pintura, que mais convivíamos. Cedo me seduziste com teu semi-sorriso irónico, contrariando o teu olhar curioso e interessado. Quando falávamos, perdia-me olhando a tua boca carnuda que se abria e fechava, para soltar as palavras, nem sequer ouvia, preso pelos trejeitos que tornavam doce o teu rosto, e em mim uma vontade enorme de te tocar as faces.
Comecei a ansiar os dias em que tinhas aulas práticas e sabia que te encontrava. Sabia que podíamos aproveitar o intervalo para conversarmos com um chávena de chá pela frente. Quando assim não acontecia, fazia um intervalo na minha aula e irrompia pela tua de surpresa. O teu riso malandro ficava no ar, enquanto, os pincéis e as mãos se mexiam enchendo a tela. Pousavas o pincel e com as mãos mostravas partes, onde procuravas alterar as cores, a composição e ias “sujando”, nos sítios onde a tinta estava fresca.
Não sei muito bem, quando terá acontecido, a primeira vez, que as tuas mãos expressivas e suaves, começaram a pintar as minhas, pressionando os meus dedos, envolvendo-as com as tuas carícias e o teu calor.
Não sei quando surgiu o primeiro beijo. quando senti o teu hálito suave, os lábios macios como algodão doce, quentes. só me lembro da eternidade que durou e de sentir a boca dorida. No entanto lembro-me bem, daquela vernissage, com trabalhos de colegas nossos. Da qual saímos e fomos até ao Passeio Alegre, na Foz. antes de ires para casa. ali, junto ao rio, ficamos conversando, namorando com as tuas mãos, como sempre, agarrando as minhas em quanto nos beijávamos com intensidade. a hora tardia e as bocas doridas, já quase não se podiam tocar. falavam a necessidade de partires.

Tudo se passou até aquele tal dia, em que viajamos para tua casa. Vivias a alguns quilómetros do Porto. Ambos, nervosos e excitados. Fomos falando e inventando, sobre o que seria o nosso almoço, como se fosse, naquele momento, a nossa preocupação maior. de verdade, eu não conseguia deixar de olhar para teu cabelo dourado e encaracolado, caindo sobre os ombros. para os teus olhos amendoados. para tua boca de lábios cheios, que dançavam a cada palavra e perdia-me.
O almoço à base de salada, foi prático, quase silencioso, as expressões de cada um falavam mais. Rápido voltamos à sala comum enorme, e recolhemo-nos no sofá, dando asas aos nossos desejos. carícias. beijos prolongados, de gozo. mãos que se tocam, corpos que despem e cheiros que se sentem. entrelaçamo-nos como se um só corpo existisse. depois a calma. Um tempo depois. eterno. deitados no chão alcatifado, olhando o tecto fomos conversando. as mãos, sempre as mãos, se misturavam umas nas outras, como com medo de se ganharem distância. foi o prelúdio doce de um recomeço, como se após o reconhecimento, se reatasse o caminho. agora com mais segurança explorando cada poro, cada beijo, cada toque, como únicos de sensibilidade e prazer. eu sempre focado nos teus olhos, que me envolviam. enquanto os corpos se buscavam. tudo fazendo para que se prolongasse o momento.
O final da tarde chegou, e assim a hora de eu partir. Alguém ia chegar e eu tinha de partir. Já no comboio, sentado de costas para o destino, deixava que me afastassem daquele lugar e com ele parte de mim. as memórias ainda recentes desfilaram na minha mente, como um filme, em três dimensões. calor, cheiros e sensações dispares acompanhavam as imagens. uma calma estranha se apoderara de mim.

Do mesmo modo, sem saber como tudo isto começou e aconteceu, nunca soube porque terminou. Talvez o fim das aulas, e com ele o final do curso, tenha sido a razão. Mais tarde, embora nos víssemos de quando em vez, de passagem, e somente o suficiente, mantínhamos os mesmos olhares. Em mim, a mesma sensação de perda.
A sensação de perda durou tempo. Anos depois, ao visitar uma das suas exposições, acompanhado com uma amiga. senti-me traindo. saí fugindo do seu sorriso, dos teus olhos cada vez mais misteriosos, que me tinham sugado um pouco da existência. Os anos passaram. Um dia voltei à sua cidade, telefonei-lhe dizendo, estou aqui! As mãos já não se encontraram, falamos dos filhos, da nossa distância, dos sucessos e insucessos, mas no final, quando nos separamos para os nossos destinos a sensação de perda ficou novamente viva.

Corremos o tempo sempre procurando oportunidades para nos realizarmos emocionalmente, e elas fogem-nos entre os dedos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SILÊNCIOS e silêncios

“Falar ajuda a resolver problemas. O SILÊNCIO aumenta-os. Obviamente existe lugar para SILÊNCIOS, mas falar é produtivo, divertido, sinal de companheirismo, amizade, ternura, amor, bondade. Os SILÊNCIOS, podem ser enfadonhos, inúteis destrutivos e ameaçadores."
Fechamo-nos no silêncio para encontrar as respostas, e elas não surgem. O silêncio não fala, as respostas estão em nós, e por vezes no meio do maior ruído elas se evidenciam. Talvez no silêncio se encontre a paz, temporária, necessária, para que em um outro momento se encontrem as respostas, ás questões que ao silêncio deram origem. Por vezes, podemos pedir desculpa e manter a nossa dignidade e auto-respeito, sem precisar do silêncio. Confuso? Talvez, mas a culpa é do silêncio, nem sempre apropriado.

POR VEZES UMA VELA


Por vezes, uma vela funciona como objecto decorativo
Por vezes, uma vela é um acto de supersticão, ou religioso
Por vezes, uma vela "aquece" o ambiente e permite-nos ler para além do que nos rodeia
Por vezes, uma vela se acende, para lembrar alguém que nos faz falta
Por vezes, uma vela é uma forma de comunicar entre silêncios
Por vezes, uma vela é um sinal de encontro entre dois seres que se amam