A noite começa a cair. O domingo está a findar. Os carros diminuem nas ruas, as pessoas começam a regressar ao lar, preparando-se para nova jornada de trabalho que se avizinha. No ar, misturado com cheiro da madeira queimada das lareiras acesas, sentem-se os aromas de vários comeres em confecção. As janelas das casas se iluminam e no lusco-fusco do pôr do sol, que cai sobre os campos limítrofes à cidade, as árvores desenham figuras fantasmagóricas de beleza ímpar.Torno-me nostálgico e apercebo-me da rapidez com que o tempo passa. Sinto cada vez mais a necessidade de o aproveitar, tirando partido dos momentos de rara beleza que a nossa volta se desenrolam. Saborear, cada vez mais, o presente, como uma dádiva única. deixar que o futuro, se acontecer, seja carregado com as memórias do que de bom se viveu.
segunda-feira, 5 de março de 2012
O TEMPO, esse malvado sem retorno
domingo, 4 de março de 2012
FIM DE TARDE anúncio de Primavera
Fim de tarde de inverno, sem nuvens e sem chuva, que já vem anunciando a Primavera. Nas árvores começam a despontar as flores, em tons pastel, enriquecendo de tonalidade os espaços verdes, dos vários parques da cidade. Poderia ser um bom prenuncio, mas com tão pouca chuva, talvez não.
sexta-feira, 2 de março de 2012
AVISO ESCOLAR??
Constrói-se uma escola que custa milhões de euros ao país, para que tenhas as condições XPTO, e depois, não se sabe bem por quê, afixam-se cartazes de aviso, na estrutura exterior do edifício, como se não existisse um sítio mais adequado para este efeito, ou não houvesse dinheiro para comprar e colocar um painel informativo, Será que quem dirige esta escola, não se apercebe da imagem que transmite, não só para os seus utentes, mas também para os pais, familiares e população que ali passa?.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
ASSIM SE PERDE....
Entra devagarinho, entre conversas cruzadas, vai-se alojando nos pequenos espaços que vai encontrando, vai-se agarrando à pele, aos cheiros, às imagens, aos mimos, às carícias e vai criando memórias, presença, ombro, até que entra no ADN, e depois... quando damos fé.. a paixão (ainda não é amor). depois....torna-se perverso, se não evolui para as fases seguintes, se não é correspondido, ou se, se inventam medos, tempos de espera, desculpas estranhas. No entanto, pior é abdicar de usufruir em nome de.. para que... tendo em conta que...neste momento...enfimmm. É assim que muitas vezes se perde, um possível, grande amor, porque antes que ele aconteça, já se lhe cortam as pernas.
Local:
Matosinhos, Portugal
GRAFITE
Olho os grafites nas paredes, e fico embevecido pela criatividade daqueles que se empolgam criando assinaturas “tags” e imagens.
Penso no desperdício daquelas pessoas, que se dedicam a “sujar as paredes” com cor, formas e mensagens quase subliminares.
Sabe-se que os grafiteiros, actuam em contravenção. Nisso encontram a “gozo”, mas seria bem melhor para todos e com ganho de espaço para actuarem, se eles aproveitassem a sua criatividade para desenvolver acções em locais, em que a visibilidade seria muito maior e contribuiriam para embelezar o ambiente da cidade como já fazem alguns por esse mundo fora. Muito ganhariam em colorido, paredes, até agora despidas, e outras tornar-se-iam mais interessantes, usando o chamado “Tromp de oeil”.
Grafite ou Graffiti (do italiano graffiti, plural de graffito,
"marca ou inscrição feita em um muro") é o nome dado às inscrições
feitas em paredes, desde o Império Romano. Considera-se grafite uma inscrição
caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é
normalmente previsto para esta finalidade - normalmente em espaço público.
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Foto 1 e 2: Diamantino Carvalho
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Às vezes a noite diz-nos isto
A noite ainda não evoluíra o suficiente para fechar os olhos e descansar. De repente lembrou-se de lhe escrever. dar-lhe uma palavrinha.
“Sabes gostava de fazer amor, do teu amor. gostava de navegar no mar do teu corpo sentindo a ondulação do teu desejo, de ouvir a tua voz apelando urgência...e depois olhos fechados, um sorriso aflorando o teu rosto e a voz morna soando nos meus ouvidos num murmúrio desconexo.
Vivia-te na distância como se perto estivesses, temendo perder esses momentos que marcaram o prazer de te conhecer.
Por vezes, a tua voz arrefecia meu ânimo, mas não arrefecia a beleza das imagens que possuía na minha mente, nem o entusiasmo de te querer. Sabia da inconsciência do teu feito. Pensando teres o mesmo querer que eu tinha no meu peito”.
Pensava...agora o que resta...um vazio enorme, e a percepção de que as frivolidades se sobrepõem à doença do gostar, adorar, amar...
“Nesta era em que tudo é fabricado, em que nada é natural, em que nada é puro; em que os primeiros beijos se trocam por telemóvel, se fala por sms e os ditos «encontros românticos» acontecem no cinema, entre um balde de pipocas e um copo de coca-cola, nesta era, que já não é minha, já não é tua, já nem é nossa; deixa-me falar-te de amor. Não quero falar deste «amor» novo, feito de «roda-bota-fora», que nasce podre e é vazio. Não te quero falar do amor para passar tempo, que se joga na Internet; nem daquele que se conhece num bar ou numa discoteca.” ...
“O amor que me ensinaste é puro, é natural, é biológico, sem corantes nem conservantes. Mas deixa-me contar-te um segredo: nesta era, que já não é minha, já não é tua, já nem é nossa; o nosso amor, ainda encanta! “
Ana Rita da Silva Freitas Rocha, in 'Textos de Amor – Museu Nacional da Imprensa'
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Foto: Diamantino Carvalho
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
ESTÓRIA DE VIDA A 13
Decidira procurar outro lugar, para me poder encontrar como os meus pensamentos e fazer uma pausa para ler. Escolhi aquele jardim nas traseiras da igreja das Sete Bica, onde existia uma esplanada muito agradável. Ali fiquei, “curtindo”, o ruído dos pássaros, o sussurrar das árvores despidas, deixando a mente livre de pensamentos. Após algum tempo deste, retiro ao qual dei algum espaço à leitura, decidi voltar para casa. No caminho lembrei-me de que tinha de comprar, algo para o almoço. Tinha na ideia de que mais à frente havia um talho e iria lá.
Olhei da esquina, pensando que o talho já tinha desaparecido, não tinha qualquer reclamo exterior, mas afinal estava lá. Entrei e esperei alguns momentos durante o quais, mesmo sem querer, ouvi aquela conversa. O talhante que presumi ser o dono, dirigia-se ao outro individuo, mais ou menos com estas palavras: “Olhe traga-me a factura para semana para pagar, porque é a última para liquidar, e fica tudo arrumado, já que vai fechar, acaba-se com isso.”. O outro sujeito fez um qualquer comentário de anuência e foi-se embora. A minha curiosidade aguçou-se, perante o que tinha ouvido. vendo as montras frigorificas quase vazias, e o talhante, com um ar entristecido, fiz-lhe a pergunta: Desculpe, mas não pude deixar de ouvir a conversa, o talho vai fechar? Ele prontamente me respondeu, vai sim... Nem deixei acabar a resposta, e fiz nova pergunta: Mas por quê, falta de clientes? Não, não é, eu já estou cansado disto, não tenho vontade para continuar sozinho a aguentar isto, sem a minha mulher. Eu já tinha reparado que ele vestia um pólo preto e de facto os seus olhos estavam brilhantes e tristes. Perguntei-lhe, por quê ela morreu? Foi sim, perdi todo o prazer nisto, tudo, ela ajudava-me imenso, aqui e não só. Perguntei novamente mas e os clientes? Os clientes...desculpe dizer o que vou dizer, mas ela roubou-mos todos! Não porque fosse velhaca, ou má pessoa, pelo contrário, ela era excepcional, com eles, as senhoras adoravam-na, ela falava muito com elas e leva-lhes as encomendas, servias aqui, etc, e agora por causa disso eles não querem vir cá, porque têm saudades dela e tem pena de não encontrarem aqui.. então perdi quase setenta por cento da minha clientela... com a crise... decidi deixar isto, e é engraçado, se, se pode dizer isso, imagine que ela fazia anos a treze, casamos a treze, abrimos o talho num dia treze, e vamos fechar quando faz treze anos de existência.
De facto não era bem a falta de clientes. Tinha sido sim, a falta de alguém, que amava e era amada, pelos seus clientes, que originara o fecho.
Ao ouvir isto recordei-me de como o falecido, Fernando Pessa, acabava as suas reportagens: “E esta, hein?”
Saí matutando na crise, ao mesmo tempo que pensava, que a forma de atendimento tradicional, personalizado e de proximidade com o cliente, destes pequenos estabelecimentos, era o único meio de sobrevivência perante a concorrência desigual com as grandes superfícies. Não havendo isto, dificilmente se resiste.
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