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terça-feira, 19 de maio de 2020

Não me sujem a água


Eu sou pato não quero que me sujem a água, preciso dela para mergulhar o pescoço e depois coçar a plumagem. Quero a liberdade do rio, do lago, ou qualquer outro lugar onde exista um espelho de água, nela possa mergulhar e sentir as suas ondulações. Não me importa que o sol plante luz e sombra, conforme lhe ocorre, eu escolherei qual o momento de me passear. Os meus amigos patinham como eu, deixando um rasto de ondulação riscando a trajectória. Por vezes, quando cai uma folha junto de mim, que começa a navegar como um pequeno barco e deixo que ela vá, como eu, sulcando a própria vida e leve as "patices" que em mim, observou. Aqui neste pequeno ribeiro, onde agora me encontro, não existem reis nem governantes que me destinem rotas, aqui a minha natureza se revela, dentro duma outra que me envolve e me completa.
Há uma criança gargalhando algures tão feliz como eu, mexendo na água deliciando-se por sentir o desconhecido. Ela ainda não foi racionalizada, ainda é um céu infinito de intuição, não precisa descrever, ou explicar, por que razão a humidade, o frio da água e as ondulações, que as suas mãos provocam, a tornam feliz. Aquela criança está mais próxima de mim que dos seus, mas um dia vai-se racionalizar e esquecer a água como agora a sentiu. A gargalhada dela rompe o ar, os pássaros, e nós, começamos todos a falar ao mesmo tempo, quebrando o silêncio e o vazio envolvente. É um colectivo que quer falar, que quer comunicar, para que ela um dia sinta a diferença, entre o hoje sentido, e o futuro, em presente acontecendo.

dc


sábado, 17 de agosto de 2013

O SOL ESTAVA PRESENTE





Cantarolando entre dentes, ia calcorreando o empedrado miúdo, que ia desaparecendo sob a sola das sandálias, Quase me apetecia descalçá-las, para sentir o chão na polpa dos pés, e a força dos dedos se firmando a cada passada, Poderia assim ligar-me à Terra e aproveitar o que me quisesse comunicar.

O sol estava presente em tudo, Na luz do chão que pisava, no torrar das paredes dos prédios e casas, na clareza das cores, nas plantas se exuberando, nas sombras irregulares dos muros que desenhavam perfis de uma cidade imaginária.
O sol de verão, luminoso, transmitia alegria e calor a todas as superfícies em que tocava, ajudado pela brisa suave que se deslocava de forma intermitente no ar.

Eu procurava não me perder no decurso dos pensamentos, Olhava as casas grandes semi-abandonadas, com paredes de pedra e alpendres, imaginando o que poderia fazer para as recuperar e adaptar às necessidades actuais, sem desvirtuar os princípios que as tornavam sedutoras aos meus olhos, nem eliminar as flores que se penduravam nos muros que as envolviam. E sonhava, sonhava vivê-las por dentro.

Os carros passavam longe. O ruído do trabalhar dos seus motores, surgia aos ouvidos como uma rajada de vento, que se diluía no ar. Enquanto isso, tudo observava como se fosse a primeira vez que por ali andava, Não tinha pressa de chegar ao destino, o pouco tempo que teria para realizar os objectivos à muito traçados, traziam inquietação, em contra-ponto com a necessidade de gozar aquele momento.

Quando descia uma das ruas que me aproximavam de casa, Vi-a, Trazia um carrinho de mão daqueles usados para transporte dos sacos de compras, com uma caixa de cartão, e nela pousada uma flor vermelha de Jardineira, talvez destinada ao seu grande amor, Vestida com um casaco escuro, os cabelos totalmente brancos diziam da idade, O sorriso no seu rosto marcado pelo tempo, falava serenidade e prazer de desfrutar o dia. A idade parecia ter perdido o peso, certamente voava, como eu, para outros sonhos. Fiquei feliz ao vê-la, Deu-me a certeza de que valia a pena viver a alegria do dia.

Os jardins da urbanização e os edifícios mutuamente se evidenciavam, As flores vermelhas fizeram-me parar e captar a sua imagem para dentro do cartão digital, Mais à frente novamente os girassóis, se atravessavam no meu caminho e sentia-os mais do que nunca, como o meu mundo de gente pequena. Tudo me tocava por dentro.

Algo de nostálgico e sublime se passara neste meu viajar andarilho e me fizera sentir humanamente recuperável.

A vida é muito mais do que problemas económicos, zangas, guerras, ou bens materiais, é uma saudável paz de espírito, com nós próprios.

DC



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A CASA SUB-NUTRIDA



Numa das muitas caminhadas, em direcção ao Barigui com a máquina fotográfica na mão ia captando imagens que me apareciam e que de algum modo me permitiam fixar, um pouco daquela parte de Curitiba.

Ela estava lá, e já por mais de uma vez tinha reparado nela, causando-me estranheza.

A sua estrutura não correspondia ao comum das outras que por ali existiam. Toda em madeira contrastando com o betão da modernidade e os condomínios fechados. Aquela era uma casa, dizia eu para comigo, estava sub-nutrida, sem vitaminas. Falta-lha a vitamina da cor, a da estrutura que agarra os diferentes materiais e a do calor humano. Certamente abandonada há muito, mas com uma personalidade invulgar. A arquitectura era simples, comum, mas tinha uma traça que a tornava familiar, como sempre fizesse parte do meu imaginário. Prendeu-me e captei.

Durante alguns dias, em que por ali passei, na minha memória fui fixando a imagem da casa como um se na minha mente estivesse um fantasma falando.

Com o terreno envolvente a pedir que o cuidassem, talvez, se reconstruída, a sua exuberância voltasse, tornando-a mais atraente, motivando a que voltasse a ser habitada por gente que continuasse fazendo história.

DC

O Parque Barigui (ü) está situado na cidade de Curitiba, capital do estado brasileiro do Paraná.
O parque recebe o nome do Rio Barigui que foi represado para formar um grande lago em seu interior. Está entre os maiores da cidade, sendo, também, um dos mais antigos. Diversas espécies de animais vivem livres no parque, como aves, capivaras e pequenos roedores. Um rebanho de carneiros também pode ser visto diariamente nos gramados, sob os cuidados de funcionários.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O SOL, dá VIDA






O sol está brilhante, contrastando tudo o que debaixo de si se ilumina, enriquecendo a cor e a forma dos objectos. O seu calor entra dentro de nós irrigando até aos ossos todo o nosso corpo trás-nos a força necessária para limpar os resquícios do inverno e prepara-nos para os novos dias que virão. Assim se vão cumprindo os nossos ciclos de vida. Uns dias inverno, outros de inferno, e muitos outros de alegria e sorriso nos lábios, estes últimos são os mais importantes. Como se costuma dizer um pouco de felicidade de vez em quando, afasta da vida, e de nós, pranto.

Tenham um bom dia, e deixem que o sol vos aqueça os corações, por vezes só ele nos dá esse prazer e há que aproveitar.

domingo, 28 de abril de 2013

MEU NETO e eu NO MUSEU



De óculos escuros na cara, descia as escadas na minha direcção, Mãe sabes que quando desço, vejo o degrau das escadas longe?... Filho, tira os óculos de sol, são demasiado escuros e vês mal, dá um beijo ao avô e dá-lhe a mão”. Deu-me os óculos para guardar, um beijo, e de mão dada fomos para o carro.

Hoje ele atrasar-se. Na véspera estivera com a “Tia Natália” e as emoções tinham sido muitas.

Entrou no carro e sentei-o na cadeira, como do costume, e arrancamos de seguida. Tentando fazer conversa perguntei-lhe como tinha o Sábado, Bom, Sabes Vô o Óscar morreu, já não canta, Quem é o Óscar? Pergunto eu, Era o passarinho da Tia Natália, sabes ele morreu e foi para o céu, Quem te disse que ele morreu e foi para o céu? Foi a tia, E como descobriste que ele morreu? Porque tinha uma flor no sítio da gaiola, Era um canário, ou piriquito? Não sei, Mas ele era amarelo, castanho? Antes de ser morrido Vô, era branco, não como nós, mas era branco e tinha um bocadinho pouco de castanho, E agora como vai ser? Agora a tia diz que vai ter outro.

Ele reparou que o carro não seguia, como de costume nas nossas saídas, em direcção aos lugares já conhecidos, Vô, onde vamos? Quando lá chegarmos logo vês, Eu desconfio que sei, Duvido?...Vais aquele sitio que tem os jardins de flores, Só... Não também tem pinturas..., Já vi que me apanhaste, vamos a Serralves, está sol e pudemos ver as pinturas e ir até ao jardim, Está bem.

Serralves, aos domingos é gratuito e o sol tinha trazido imensa gente, não só turistas como tugas, A exposição do Alberto Carneiro e do José Martins também era espectaculares, de certeza que também tinha sido uma das razões daquele montão de pessoas.

Fomos caminhando ao longo dos salões, vendo obras de um e outro. Ele puxava-me pela mão como se quisesse ir para algum lado, Vô quando vamos ao jardim? É de seguida, vês as esculturas do Carneiro, são giras não são?, Sim, vamos, anda. Ele estava impaciente.

Não pude ver, em condições, a belíssima exposição que os dois artistas ali têm, foi um corre, corre, De repente, para ele não me pressionar, disse-lhe que estávamos quase a acabar de ver a exposição e íamos para o jardim, Para o jardim não, temos de ir ao café, Como, ao café, então não tomaste o pequeno almoço? Comi só chocapites, E então.. tens ai na sacola bolachas e àgua..., Mas é melhor irmos ao café para não fazer migalhas. Fomos ao bar de Serralves, eu sabia bem o que ele queria, Queres um queque de chocolate é isso? E um pinguinho, reponde rápido.

Deliciou-se comendo o bolo e bebendo o pingo
rapidamente. À saída do bar fui à máquina levantar dinheiro, aproveitei para escolher e trazer uns postais promocionais que se encontravam sobre uma mesa, ele escolheu uns com cores. Como ele disse.

No jardim, jogamos à bola com pequenas coisas que caíam das árvores e fomos brincando com a água, que existe, em pequenos lagos, nos diferentes desníveis que partem do edifício principal, até quase à entrada da zona agrícola, Aí ficamos parados apreciando os burros, potros e vacas, aproveitando para tirar umas fotos toscas do que víamos. De regresso à entrada do museu, já cansados, fomos apanhando pequenas flores para ele oferecer à mãe.

A manhã passou, sem que os minutos contassem. Ele divertido e eu pleno, de peito inchado pelo prazer de conviver com as suas pequenas coisas.

DC

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

GRAFITE



Olho os grafites nas paredes, e fico embevecido pela criatividade daqueles que se empolgam criando assinaturas “tags” e imagens.

Penso no desperdício daquelas pessoas, que se dedicam a “sujar as paredes” com cor, formas e mensagens quase subliminares.
Sabe-se que os grafiteiros, actuam em contravenção. Nisso encontram a “gozo”, mas seria bem melhor para todos e com ganho de espaço para actuarem, se eles aproveitassem a sua criatividade para desenvolver acções em locais, em que a visibilidade seria muito maior e contribuiriam para embelezar o ambiente da cidade como já fazem alguns por esse mundo fora. Muito ganhariam em colorido, paredes, até agora despidas, e outras tornar-se-iam mais interessantes, usando o chamado “Tromp de oeil”.


Grafite ou Graffiti (do italiano graffiti, plural de graffito, "marca ou inscrição feita em um muro") é o nome dado às inscrições feitas em paredes, desde o Império Romano. Considera-se grafite uma inscrição caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta finalidade - normalmente em espaço público.