De óculos escuros na cara, descia as escadas na minha direcção, Mãe sabes que quando desço, vejo o degrau das escadas longe?... Filho, tira os óculos de sol, são demasiado escuros e vês mal, dá um beijo ao avô e dá-lhe a mão”. Deu-me os óculos para guardar, um beijo, e de mão dada fomos para o carro.
Hoje ele atrasar-se. Na véspera estivera com a “Tia Natália” e as emoções tinham sido muitas.
Entrou no carro e sentei-o na cadeira, como do costume, e arrancamos de seguida. Tentando fazer conversa perguntei-lhe como tinha o Sábado, Bom, Sabes Vô o Óscar morreu, já não canta, Quem é o Óscar? Pergunto eu, Era o passarinho da Tia Natália, sabes ele morreu e foi para o céu, Quem te disse que ele morreu e foi para o céu? Foi a tia, E como descobriste que ele morreu? Porque tinha uma flor no sítio da gaiola, Era um canário, ou piriquito? Não sei, Mas ele era amarelo, castanho? Antes de ser morrido Vô, era branco, não como nós, mas era branco e tinha um bocadinho pouco de castanho, E agora como vai ser? Agora a tia diz que vai ter outro.
Ele reparou que o carro não seguia, como de costume nas nossas saídas, em direcção aos lugares já conhecidos, Vô, onde vamos? Quando lá chegarmos logo vês, Eu desconfio que sei, Duvido?...Vais aquele sitio que tem os jardins de flores, Só... Não também tem pinturas..., Já vi que me apanhaste, vamos a Serralves, está sol e pudemos ver as pinturas e ir até ao jardim, Está bem.
Serralves, aos domingos é gratuito e o sol tinha trazido imensa gente, não só turistas como tugas, A exposição do Alberto Carneiro e do José Martins também era espectaculares, de certeza que também tinha sido uma das razões daquele montão de pessoas.
Fomos caminhando ao longo dos salões, vendo obras de um e outro. Ele puxava-me pela mão como se quisesse ir para algum lado, Vô quando vamos ao jardim? É de seguida, vês as esculturas do Carneiro, são giras não são?, Sim, vamos, anda. Ele estava impaciente.
Não pude ver, em condições, a belíssima exposição que os dois artistas ali têm, foi um corre, corre, De repente, para ele não me pressionar, disse-lhe que estávamos quase a acabar de ver a exposição e íamos para o jardim, Para o jardim não, temos de ir ao café, Como, ao café, então não tomaste o pequeno almoço? Comi só chocapites, E então.. tens ai na sacola bolachas e àgua..., Mas é melhor irmos ao café para não fazer migalhas. Fomos ao bar de Serralves, eu sabia bem o que ele queria, Queres um queque de chocolate é isso? E um pinguinho, reponde rápido.
Deliciou-se comendo o bolo e bebendo o pingo rapidamente. À saída do bar fui à máquina levantar dinheiro, aproveitei para escolher e trazer uns postais promocionais que se encontravam sobre uma mesa, ele escolheu uns com cores. Como ele disse.
No jardim, jogamos à bola com pequenas coisas que caíam das árvores e fomos brincando com a água, que existe, em pequenos lagos, nos diferentes desníveis que partem do edifício principal, até quase à entrada da zona agrícola, Aí ficamos parados apreciando os burros, potros e vacas, aproveitando para tirar umas fotos toscas do que víamos. De regresso à entrada do museu, já cansados, fomos apanhando pequenas flores para ele oferecer à mãe.
A manhã passou, sem que os minutos contassem. Ele divertido e eu pleno, de peito inchado pelo prazer de conviver com as suas pequenas coisas.
DC
domingo, 28 de abril de 2013
MEU NETO e eu NO MUSEU
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Foto 1 e 2: Diamantino Carvalho
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O que é certo é que este pequenino menino hoje durante toda a tarde e mesmo agora disse" olha o meu desenho eu sou um artista". Durante a tarde falou das pinturas que viu e esteve a ver atentamente os folhetos que trouxe de Serralves. O seu entusiasmo é espantoso, dado que para ele foi um dia muito importante, é um reflexo do que viveu.
ResponderEliminarNeste preciso momento (21.15), tenho o meu filho a fazer mais um desenho para me mostar como sabe desenhar.O desenho é o arco-iris interior, vamos lá explicar isto.... eu sei ...mas o futuro dirá.