terça-feira, 6 de janeiro de 2015

FIOS de Vidas

 

Olhei e voltei a olhar.
Deixei-me reter nos fios
que se cruzavam criando estradas
tecendo mundos na minha imaginação.
O que via, era mais do que via.
Era um mundo de mãos
mãos operárias se mexendo
concretizando no labor do dia
o salário de que iam sobrevivendo.

DC

Nota:
A Empresa Fabril do Norte ou Efanor é popularmente conhecida por Fábrica dos Carrinhos por ter sido a primeira em Portugal a produzir carrinhos de linha. Fundada em 19071 , esta fabrica têxtil, pelo gigantismo das suas instalações que viria a revolucionar completamente a paisagem e o ritmo de vida da Senhora da Hora2 . Situava-se na Avenida Fabril do Norte.
A EFANOR seria uma das pioneiras no processo de desenvolvimento industrial português, esta empresa de fiação, para além do peso que teve na economia nacional, constituiu ainda um exemplo muito positivo e inovador no apoio social facultado aos seus trabalhadores, possuindo para além de um bairro, uma creche1 , dormitórios, complexo desportivo, na altura da sua construção dos mais atraentes e até um corpo privativo de bombeiros.

sábado, 3 de janeiro de 2015

LUA CHEIA



Hoje a lua está cheia, quase nos cem por cento.

Redonda quanto baste, visível o suficiente, para se fazer notar, foi aparecendo pé ante pé entre as árvores, como uma bola branca ponteando o azul do céu, Ainda o sol não se tinha posto, já a nossa amiga dava ares da sua graça.

Hoje a lua dos romances e dos românticos paira no ar. Que se conste, o Lobisomem não anda por aí.

Sem esquecer os nossos pequeninos duendes e das fantásticas estórias que falam da lua, das quais as crianças se pelam de prazer de as ler e escutar, Vamos nós também, os mais crescidos, usufruir da lua em pleno olhando-a, com a mente aberta à imaginação, permitindo que todas as estórias sejam possíveis, em especial, as tais em que o amor é a motivação principal.

DC



quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2014 > 2015 ...será que alguma coisa muda



A meia noite se aproxima em galopante caminhada, duros dias passados, são agora memórias esbatidas perante a alegria fraterna do abraço familiar.

Nada supera, nada superou nunca os laços da família, são por demais fortes para que se percam, São ainda a resistência à modernidade, à individualidade, à persistência do egoísmo, ao pulo nocturno na procura de encontrar numa noite, aquilo que durante um ano não conseguiram. Triste recompensa.
Se há alguma coisa que nos segura neste mundo moderno individualista, é a capacidade de manter os valores que nos tornam seres de partilha, de companheirismo, de humanismo.

Não é suficiente lembrar o sem abrigo, importante é saber como contribuir para uma sociedade, onde todos tenham o direito ao seu abrigo e à liberdade de discordar sem punição.

Como disse, o fim do ano está por minutos e não será a passagem curta em que se efectuará essa nuance que tudo mudará. Escrever-se-ão frases e desejos que não se cumprem, ou que artificialmente se desejam, mais por hipocrisia do que efectivamente porque tenham a convicção que se realizem.

E assim se darão as baladas da meia noite e o padre na missa fará o seu discurso de desculpa aos explorados e exploradores que de igual modo, se encontram no mesmo espaço.
Todos rebentarão garrafas de champanhe, ou outra qualquer zurrapa e durante segundo todos ficaremos extasiados na mentira de um novo ano melhor. Só espero que me engane e todos os outros tenham razão e seja um pouco mais do que isso.


DC

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Simples peças...


..... de tecido que existiam no baú das memórias, amarravam-no, não deixavam esquecer nem mesmo agora, o corpo que as possuíra. Hesitou, olhando-as, a mente pensava, mas era o coração que apertava, desaparecendo elas desapareciam todas as suas estórias.
Desfez-se delas, no contentor do lixo, para que ninguém ousasse vesti-las. Deixou-as ir levando consigo tudo o que restava. Era tempo de começar de novo, refazer o roupeiro, ano novo... vida nova. Não poderia deixar que simples pedaços, simples farrapos, simples peças de roupa o tolhessem. Aquela sua atitude era o começo, uma aposta de confiança de que o presente não se fazia de esperas, nem o futuro de simples quimeras.
Como tudo na vida, temos de enterrar o passado, para que o dia à dia aconteça com nova chama e, o futuro seja ao virar da esquina. O passado é somente experiência e memórias, boas ou más, que não se repetem, mas o hoje está acontecer para que se desenhe o novo amanhã.

DC

domingo, 28 de dezembro de 2014

Beijamo-nos infinitamente...




Beija-me com o sabor das lágrimas da alegria do regresso
Beija-me com a carícia das noites dos amantes
Beija-me, nosso amor é mais do que simples instantes

Beija-me pele, faz-me sentir o teu hálito quente
acordando meu corpo num desejo premente

Sente-me nos lábios as pulsações do meu coração
a bater desordenadamente de emoção

Beija-me como estivesses a soletrar
para que as palavras ditas nunca mais possam acabar

Beija-me de manhã ao anoitecer
e continua pela noite até um novo amanhecer

Beijo-te como tu me beijas, com a mesma intensidade
Com a mesma alegria força e vontade

Beijo-te, beijo-te sem parar com medo de te perder
como se o fim do mundo estivesse para acontecer.

Tu beijas-me, Eu beijo-te. Os dois nos beijamos
num beijo sem tempo, onde nos recriamos.

Beijamo-nos infinitamente, muito infinitamente
na certeza de um amor para sempre.

DC

sábado, 27 de dezembro de 2014

NASCIDA DE ABRIL


 

Há trinta nove anos, ainda eu viajando no interior da revolução, nasceste para seres a flor que marcou o meu Abril para sempre. Plantaste sorrisos no jardim da minha vida, deste-me alento nas horas menos boas e, foste motivo para maior empenho na construção de um país que conquistara a sua liberdade.
Foste e serás sempre a minha flor de Abril, não me deste somente a cor vermelha dos cravos mas também completaste o jardim da minha existência com as cores do arco-íris, que são a alegria da tua presença.

Mil beijos envolvidos na fragância das flores da esperança, para ti Iva nascida de Abril.

DC

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Mas que CONVERSA...


Gosto de conversar, até gosto de dizer que a conversa “é como as cerejas”, quanto mais se conversa mais os temas se enlaçam e nunca mais se pára de conversar. Às vezes temos de pôr um travão repentino, porque se não fica-se nas desoras.
Conversar não é fazer conversa da treta sem qualquer significado, não é “conversar para o boneco”, Conversar implica partilha, acrescentar, aprender, cultura, formação, sentimento, No fim, um mundo de descoberta permanente. Conversar implica pelo menos participação a dois, se não é como falar para o tecto.

DC OUT/14