Sentado na barriga da mãe terra, ouvindo o seu latejar, o varrer dos ventos, das chuvas, do sol escaldante, da neblina pousando sobre ela. Sinto nela a enxada do lavrador, ou o arado, entrando forte, rasgando, oxigenando e alimentando com seu estrume, dando-lhe alimento, regando e atenuando a sua agrura. Não falo da mãe Terra, planeta, falo daquela parte da terra que fica marcando as bordas dos sapatos, ou tirando o brilho com a sua poeira, terra que engrandece os pés descalços dos mais desfavorecidos, aquela terra que alimenta, e faz propostas de descanso ao olhar e prazer dos homens.
Aquela terra que palpita nas plantas e seus frutos crescendo, alimentados pelo seu ventre fértil. Terra onde se produz o alimento de gerações de milhões de homens e animais, desde que a perversidade dos homens não impeça. Aquela terra onde homens e animais convivem e se alimentam, com suas ervas, árvores e plantios sadios, ainda sem o arreganho maldoso do homem que a conspurca, com os seus bombardeamentos, os seu dejectos abjectos, seus ácidos indústrias, sua exploração desenfreada sem o devido repouso.
Fico sentindo teu cheiro, o teu palpitar, ausente de todo o ruído que não o teu. De vez em quando deixo-te passar por entre os dedos apreciando a tua textura, pensando nos milhares de seres que te acompanham na tua labuta existencial. Umas vezes mais escura, outras mais clara, umas vezes mais macia outras mais árida, mas toda ela terra de todos os seres vivos.
Esta é a terra que sinto, sentado no seu ventre, olhando o infinito que ela alcança, na esperança de que o homem não a destrua com a sua ambição.
dc
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
A terra que eu sinto
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Foto: YuChe Yeh (internet)
terça-feira, 18 de agosto de 2015
GARE de muitos "alguéns"
Uns partem
largado o beijo
intenso o rodado
que os afasta
Outros chegam
estáticos
no tempo
na solidão
na espera
Alguns “mochilam”
aventura no corpo
viagem
descoberta
encontro
novo lugar
Muitos...
muitos mais
circulam
rotina dos dias
viajar
contra-relógio
Facto
é a volta
ao mundo
na gare dos trens
onde circulam
muitos "alguéns"
dc
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Foto de internet: Maurizio Targhetta
domingo, 16 de agosto de 2015
PÓ de um dó maior
Levanto-me
Agora
Da poeira dos lençóis.
O tempo
inexorável
Marca assim
A distância
Dos “nossos tempos"
dc
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Foto. Diamantino Carvalho
sábado, 15 de agosto de 2015
ÁGUA...
Adoro o chuveiro da manhã com a água deslizando no corpo, pena tenho que leve os resíduos da nossa noite intensa, os cheiros dos nossos corpos, da nossa cama, das nossas emoções, No entanto é aqui neste banho balsâmico que me deixo ir nos pensamentos saboreando e repensando tudo o que de bom vivemos.
Análise do prazer, é nele que se baseiam as decisões, é nisso que se tem de pensar, para que se avance, caso contrário tudo ficará igual, ao de sempre, não vale a pena antecipar possíveis catástrofes (?) ou guerras intestinas.
O correr da água, do banho da manhã, sobre o corpo, servirá sempre de catarse, de êxtase, fazendo relaxar e pensar quanto de bom tivemos e perspectivar novos rumos às emoções, mesmo quando os nosso beijos deixarem de ser trocados e os nosso corpos se perderem do desejo de se encontrarem.
dc
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Foto: Roberto Ojeda
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
Porque não....
beijo cruzado
línguas
irrequietas
mãos se agitam
nas descobertas
boca descendo
nos limites
da pele
suave de mel
boca
quente
no topo
das coxas
humedece
seu ventre
suas mãos
tacteando
seu peito
provocam
suspiros
no auge
perfeito.
amar
sem egoísmo
num vice
sem versa
não é altruísmo
é amar
sem pressa.
dc
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Foto.Internet
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
HORIZONTE ou UTOPIA
Resto parado preso no horizonte, retido no tempo isolado no mundo. Quero sentir-me água brisa, cheiro e me reencontrar neste vazio, neste só. É incrível este sentir, da natureza, o eu diminuído perante a sua grandeza, o sentir a “alma” lavada e mente liberta. Não me preocupa se tenho um caminho a escolher, ou percurso a estabelecer, a noção de espaço se perdeu neste lugar.
Olho no infinito horizonte, sem barcos surgindo, sem gaivotas se agitando no ar, nem os pássaros no seu piar, tudo é sereno. Não sei se o mundo se finou, se fui eu que se transformou, na verdade, viverei do sol, enquanto existir, enfrentarei vazio sem medo do que surgir.
dc
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Esculturas: ANtony Gormley
sábado, 8 de agosto de 2015
IMPULSIVA
só preciso
do cheiro
da boca
imprecisa
do olhar
preso
ao meu falar
depois
com o tempo
a passar
com
o seu tocar
o beijo roubado
a carícia
impensada
tudo pode
acontecer
no espaço
dum segundo
alterando
o meu mundo.
dc
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