domingo, 10 de janeiro de 2016

Tempo de ESPERA



Não sabes, mas eu fui lá, Esperei no tempo, não na esperança, pois desta teria, ou deveria estar mais convicto...não sei se foi a chuva, ou o vento que tudo fez parar... fiquei sozinho em silêncio, como se deve ficar...sem nada me apoquentar, Nada se pode fazer quando a vontade não chega e na carruagem dos dias a carga é intensa e as respostas são lentas... Olhei o brilho que vinha das barras de aço, a ferrugem depositada nos madeiros, a  negrura do óleo no cascalho onde sobressaiam os parafusos poderosos de fixação... Olhei os fios eléctricos pendurados do céu, que faziam a malha que decorava o espaço cinzento das nuvens, neles as gotas da chuva, minúsculas esferas brilhantes, depositadas como peças de roupa. A voz de fundo anunciava o vai e vem dos chegados e dos que partiam como banda sonora do vazio que me rodeava.
    Virei as costas ao momento, dirigindo-me para o carro estacionado... Deixei que a chuva entrasse pelo meu corpo, como se me quisesse lavar, ia escorrendo pelo cabelo, entrando finamente pelo pescoço até dentro gelando o peito...
    Amanhã tudo será diferente, talvez mudando a espera pela esperança... Na verdade o tempo não se recupera, acontece!
dc




sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Vem....



Vem...
que eu te espero como sempre esperei
e como sempre esperando estarei.

Vem...
dá-me só um sinal
para que o relógio tenha horário igual

Vem...
que eu vou-te buscar
onde sempre fui para não te perderes do chegar

Vem...
estou aqui no mesmo lugar
que sempre estive para te abraçar.

Vem...
como sempre soubeste,
como sempre fizeste, para gente se amar

Vem...
não percas esse luxo que é o tempo
de ter tempo para viver o momento

Vem...
e no meu olhar vais encontrar
o brilho que apaga toda a saudade de esperar

Vem...
a sexta feira não é o treze da superstição
em qualquer dia o comboio chega à estação

Vem...
somente vem... despojada de medo
liberta-te... já não amamos em segredo

dc

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A CHAVE..




A chave tem dentes,
Como a boca que se beija.

A chave só importa
Se liberta nossas mentes
E com ela a porta
Ao coração que se deseja.

dc.




quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Ouvindo o seu ninar



Nas noites adormecia
Ouvindo o seu ninar
Em voz que esmorecia
No cansaço do falar

Com atenção ouvia
As palavras do deitar
Com algumas me desiludia
Por delas nada tirar

Em outras eu vibrava
E pela noite repetia
Até ao sonho que chegava
E me levava ao nascer do dia

Num dia esquecido
A voz não chegou
Ela se tinha perdido
Em alguém que encontrou

Hoje lembro a sua voz
Nas noites sem dormir
Sem saber a razão de em nós
Se ter perdido o sentir

dc



 

E o amor ...




Colado o corpo
Colada a boca
Sente-se a “carne”
Meio louca.

Forte atracção
Às claras exibida
E sorvida
Com sofreguidão.

E o amor..
Importa ou não?

dc

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Te Sonho



         
          Te sonho
Sentindo teu rosto nas minhas mãos
          Te sonho
Nos meus braços aconchegada
          Te sonho
Num acordar sem o teu lugar vazio
          Te sonho
Perfumando o ar da madrugada
          Te sonho
Dias e noites a fio
          Te sonho
E me perco das realidades
          Te sonho
E acordo com saudades
          Te sonho
Sem saber se foste a insana paixão
          ou se te sonho
Sem noção da realidade ou ilusão.

dc



sábado, 2 de janeiro de 2016

Uma vida por outra





Ela morre
Ele nasce
Ele sofre
Quando
Ela morre

Quando
Ele nasce
A Vida
Acontece
Ela perece

Um coração
Novo bate
Um pára
Outro dispara
Perde a razão

O espanto
A tristeza
O desencanto
O pranto
A incerteza

A morte
E a sua frieza
O nascimento
É a vida
E sua beleza.

dc