quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Um dia acontece

 



Chega silenciosamente
Umas vezes devagar
E quase não se sente
Outras apressadamente

Chega sem lhe sentirmos o pé
Assenhora-se do pensamento
Abala o corpo por dentro
Na primeira impressão recebida
Na fala ainda contida
No sorriso que entontece
No brilho dos olhos que acontece
Nas mãos que se agitam
Nos sentimentos que gritam

E assim da noite para o dia
Abala o nosso coração
Faz-nos chorar de alegria
Voar nas asas da emoção

É voz dos poetas e escritores
De artistas e doutores
Todos eles vibram, sentem
E contam estórias que não mentem
Ao dizerem de seus amores.

dc

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

o mar tem essa força.



Assustador, pelo vento que o arrastava em ondas cadenciadas, o mar ia inundando tudo trazendo o medo à nossa pobre existência, as vagas enormes atemorizavam ao mesmo tempo que nos seduziam a avançar em sua direcção, atraíam-nos como se fossemos surfistas querendo apanhar a melhor onda. Apetecia desafiar a sua violência, como se fosse uma luta, que sentimos perdida, mas justa, contra o seu poder...o mar tem essa força.
As ondas iam explodindo contra o farol, ele ali parado continuava...apreciando a sua força. Um casal, que passeava pela marginal debaixo da chuva torrencial, parou para observar, como se aquele espectáculo fizesse parte de uma paisagem idílica do seu romance. Coisas estranhas que se fazem perante a força da natureza e os seu fascínio. 
dc





domingo, 10 de janeiro de 2016

Tempo de ESPERA



Não sabes, mas eu fui lá, Esperei no tempo, não na esperança, pois desta teria, ou deveria estar mais convicto...não sei se foi a chuva, ou o vento que tudo fez parar... fiquei sozinho em silêncio, como se deve ficar...sem nada me apoquentar, Nada se pode fazer quando a vontade não chega e na carruagem dos dias a carga é intensa e as respostas são lentas... Olhei o brilho que vinha das barras de aço, a ferrugem depositada nos madeiros, a  negrura do óleo no cascalho onde sobressaiam os parafusos poderosos de fixação... Olhei os fios eléctricos pendurados do céu, que faziam a malha que decorava o espaço cinzento das nuvens, neles as gotas da chuva, minúsculas esferas brilhantes, depositadas como peças de roupa. A voz de fundo anunciava o vai e vem dos chegados e dos que partiam como banda sonora do vazio que me rodeava.
    Virei as costas ao momento, dirigindo-me para o carro estacionado... Deixei que a chuva entrasse pelo meu corpo, como se me quisesse lavar, ia escorrendo pelo cabelo, entrando finamente pelo pescoço até dentro gelando o peito...
    Amanhã tudo será diferente, talvez mudando a espera pela esperança... Na verdade o tempo não se recupera, acontece!
dc




sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Vem....



Vem...
que eu te espero como sempre esperei
e como sempre esperando estarei.

Vem...
dá-me só um sinal
para que o relógio tenha horário igual

Vem...
que eu vou-te buscar
onde sempre fui para não te perderes do chegar

Vem...
estou aqui no mesmo lugar
que sempre estive para te abraçar.

Vem...
como sempre soubeste,
como sempre fizeste, para gente se amar

Vem...
não percas esse luxo que é o tempo
de ter tempo para viver o momento

Vem...
e no meu olhar vais encontrar
o brilho que apaga toda a saudade de esperar

Vem...
a sexta feira não é o treze da superstição
em qualquer dia o comboio chega à estação

Vem...
somente vem... despojada de medo
liberta-te... já não amamos em segredo

dc

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A CHAVE..




A chave tem dentes,
Como a boca que se beija.

A chave só importa
Se liberta nossas mentes
E com ela a porta
Ao coração que se deseja.

dc.




quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Ouvindo o seu ninar



Nas noites adormecia
Ouvindo o seu ninar
Em voz que esmorecia
No cansaço do falar

Com atenção ouvia
As palavras do deitar
Com algumas me desiludia
Por delas nada tirar

Em outras eu vibrava
E pela noite repetia
Até ao sonho que chegava
E me levava ao nascer do dia

Num dia esquecido
A voz não chegou
Ela se tinha perdido
Em alguém que encontrou

Hoje lembro a sua voz
Nas noites sem dormir
Sem saber a razão de em nós
Se ter perdido o sentir

dc



 

E o amor ...




Colado o corpo
Colada a boca
Sente-se a “carne”
Meio louca.

Forte atracção
Às claras exibida
E sorvida
Com sofreguidão.

E o amor..
Importa ou não?

dc