quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Amanhece comigo





É o teu sorriso, trazido dos sonhos, que me amanhece,. É ele a força e o ânimo para que todos os dias valha a pena viver.  É esse teu olhar e seu brilho que me mantém desperto, para que o tempo e a distância percam a importância, É saber que este meu escrever ainda ecoa no teu ser.
O Outono surge, com o saber da natureza, trazendo o cair da folha que enriquece a terra, para o futuro acontecer. Amanhece comigo minha flor, cumpre a tua natureza,

dc

domingo, 30 de setembro de 2018

DiVagar





As emoções tornam-se imprecisas, acontecem de forma espontânea, acordam através de pequenos gatilhos não estabelecidos. O que foi já não é. Imensas sensações e emoções que lhe tocam de outras gentes, de outras razões, de outras vivências, de uma forma ou de outra ainda se vão ligando às pequenas sequelas que ficaram. Misturam-se com os resíduos que o crivo deixou. Um dia chegará que se cruzará, novamente, pelo acontecer de um olhar, de um sorriso e um bater apressado do coração, nessa altura talvez esteja disponível e comece a reaprender, a degustar novas emoções, desta vez, mais as suas, com a disponibilidade necessária que merecem, com a maturidade que a aprendizagem do acertar e errar sempre deixam na escolha.

dc

sábado, 29 de setembro de 2018

Pôr de Um Sol




Quando o sol se deixou prender, por alguns momentos, naquele espaço exíguo, fiquei com a convicção, de que tudo o que tíveramos, fora também assim. Tivemos momentos desses, nos quais ficávamos um pouco presos, ao espaço que cada um concedia ao outro, sem perder o brilho do que nos juntava. Seres viventes do mesmo interesse e verbo, amar.
Tal como sol, se põe e desaparece no horizonte trazendo a noite, também nos fomos absorvidos pelo horizonte, trazendo para dentro de nós a noite que nos afastou.


dc

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

No areal, a sós





Foi enterrando os pés na areia, como outros enterram a cabeça, só que ali fazia-o com o suporte do corpo, os pés. Pisava a areia como se estivesse a esmagar as dúvidas, abafar a cólera e a não deixar entrar outro ruído que não fosse o dos pés, o mar, a brisa e as poucas gaivotas que o sobrevoavam. Sentia-se um náufrago abandonado pelo mar no areal. As marcas iam assinalando a passagem e lançando-o para um longe que não descortinava o seu fim. O mar estava intenso, ondas bravias descarregavam sua força lambendo o areal, fazendo temer o banho possível. Naquela zona desprotegida da praia, uma pequena distração no mar seria fatal. Pensava nisso: “Já estou tão distante do lugar, onde as pessoas fazem a sua praia, nem nadadores salvadores..”. Sentia uma espécie de vertigem, como se estivesse perto de um precipício e sentisse a sua atração. Aquele sentimento de náufrago era estranho, como se o tivesse vivido algures no tempo, num qualquer lugar remoto. Trazia consigo uma espécie de angústia, como se estivesse perdido, sem saber qual o rumo tomar, ou como sobreviver.
O Sol foi baixando, enquanto a brisa se acentuava acompanhada pela neblina. Sentiu um arrepio no corpo, tinha de regressar, por muito que adorasse aqueles momentos imprevisíveis e a sós, estava na hora de voltar ao mundo dos vivos. Aquele desvio temporário do mundo real, dera-lhe alento para ultrapassar todas as dificuldades que nos últimos tempos o tinham tomado. A solidão não se instalou, tivera tempo de conversar com a vida e ganhara a percepção do que afinal era estar só.

dc

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

ELIPSE





Sempre circulava pelas ruas insinuando um sorriso nos cantos da boca. Os seus olhos enfrentavam, quem por ela se cruzava, como se procurando refúgio dessa noite de breu que a possuía. Talvez nos outros pudesse encontrar as respostas para aquilo que dentro de si questionava, ou lhe trouxessem uma luz que a ajudasse a dar solução ao que procurava. Entendia que um dia, de encontro ao seu olhar, viria algum outro olhar que lhe traria as emoções de outrora e a resposta ao amor, que sabia dentro de si. Enquanto isso, navegava, deixando-se ir na corrente, esperando bom porto ou lugar de se acostar. Assim ia fazendo um compasso de espera, nesse circular permanente que a retirava das quatro paredes da própria casa. Ela tentava saber como tudo o que sentira e sentia, se iria transformar, sem que nada se perdesse, dentro dela própria..

     Lei de Lavoisier:
"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"

dc