Olho-te e só vejo os teus
lábios que de forma absurda me falam, mesmo no silêncio, pela cor, formato,
espessura, pelos trejeitos vários que assumem em cada circunstância, dando
forma à ironia, ao sorriso, à gargalhada à ternura, ao bocejo, como enriquecem
a existência da boca.
Quando me atrevo, desenhar a
tua boca com os meus dedos, é como um despertar da intimidade, um acordar dos
sentidos é a vontade de sentir a sua humidade. Tocar esse batom vermelho dos
teus lábios, antes de, seguindo os dedos, pousar sobre eles os meus. A tua boca
é minha entrada na tua alma, é porta dos meus suspiros, é o meu lugar de
linguarejar, nesse diálogo surdo de palavras, um início de caminhada do viajar
das emoções. Neles sinto-te por inteiro, neles chega esse amor que tanto me
enternece, o apelo de todo o teu corpo nesse desejo são de quem ama possuir e
ser.
Não desvalorizo todo o resto de ti e aqui não se aplica o dito popular “é pela boca que morre o peixe”, perante ti, o peixe sou eu ao deixar-me inebriar pela tua boca.
Não desvalorizo todo o resto de ti e aqui não se aplica o dito popular “é pela boca que morre o peixe”, perante ti, o peixe sou eu ao deixar-me inebriar pela tua boca.
dc