segunda-feira, 9 de abril de 2018

Todos apelamos ao tempo



Todos apelamos ao tempo,
Todos choramos a perda de tempo,
Todos queremos ganhar tempo.

Inventamos uma máquina
Só para medir o tempo
Controlando os dias
Os anos e a nossa idade.

Melhor seria viver o tempo
Com tudo o que enche o presente
Sorvendo o outro tempo
Das diferentes estações do ano

Será que precisamos saber
A vida à hora, minuto, ou segundo,
Na angústia do tempo perdido
Como se fosse o fim do mundo?

dc

domingo, 8 de abril de 2018

DESPEDIDA





Só quero um abracinho
Disse ela com olhos d’água
E seu cabelo loirinho

Eu só quero um beijinho
Não quero esta mágoa
De te deixar sozinho

Eu só quero ficar aqui
Sempre ao teu lado
Bem encostadinha a ti

Esta é a cor do meu amar
Neste meu tempo limitado
Vou partir querendo ficar


dc



terça-feira, 3 de abril de 2018

Sonho Onde Não Saio





Estou perdido na maciez do teu rosto, na suavidade do teu sorriso, na leveza do teu andar, sinto o calor da tua pele nos meus dedos, a doçura dos teus lábios. Ouço as palavras que vais soltando, tantas vezes lendo-as nos lábios, preso na voz que os teus olhos falam, no cabelo claro que esboaçando realça teu rosto. Tudo isto, se não é amor o que eu sinto por ti, se não é a verdade do que somos em cada encontro e reencontro, então estou preso num sonho, onde não saio por ter medo da verdade.

dc

sábado, 31 de março de 2018

Há sempre uma estória




Caminhava pela tarde, com o sol baixando ao seu leito. A cor dos campos, dum dos lados do alcatrão, tinha algo de fantástico que preenchia o meu silêncio magoado. Na  memória o seu rosto fechado, com os olhos escondidos pelos óculos escuros, quando na paragem do autocarro se despediu de mim. As coisas ainda mal começadas, já tinham desenhadas o seu fim.
Naquele caminhar, nos meus pensamentos tudo estava a preto e branco, mesmo quando sabia das cores que se passeavam pelos meus olhos. As barras brancas, que no alcatrão marcavam o lugar de passagem aos peões, iam surgindo de onde em onde, como imagens num filme de dezasseis frames por segundo. Aquele repisar, branco e preto, preto e branco, fez-me reparar que as faixas não era totalmente brancas, e que elas em si, continham desenhos vários e relevos...afinal não era tudo preto e branco, tinham nuances e relevos. Se me deixasse levar pela imaginação, até veria que dentro daqueles meios tons, havia um horizonte, com árvores e um pequeno bichano de olhos arregalados observando-me. Ganhei o dia, ou melhor a tarde, sorri, e deixei que as cores do ambiente adentrassem em mim pela porta dos olhos.

dc

P.S. Numa imagem, há sempre uma estória por trás que a sustenta.


quarta-feira, 28 de março de 2018

Senior, eu?




Quando a idade
não magoa o corpo,
dámo-nos por felizes.

As rugas são o menos,
a dor não nos acorda,
vivemos sem o remédio.

Quando ficamos
no meio da promessa,
do ir e não ir, perdemos raízes.

E se esperamos
sapato de defundo,
morremos de tédio.

Quando ainda dançamos,
rodamos e ginasticamos o corpo
Somos felizes,
não somos um peso morto

dc

terça-feira, 27 de março de 2018

Amizade renascida




Os anos passaram, e ao contrário do que seria normal, depois de tantos anos afastados, em vez do esquecimento, revitalizou-se a amizade e a liberdade de comunicação entre eles. Hoje, melhor do que nunca, se entendem e adivinham as palavras na boca um do outro. Há quem use, na linguagem corrente, o chavão: “são muitos anos a virar frangos”, ou seja, vivência, mas não é só disso que se trata. Na verdade, no tempo decorrido, às suas vidas foram acrescentados vazios, silêncios, novos conhecimentos, mais experiência e a perda algumas barreiras convencionais. Daí, ambos pensarem, ser importante privilegiar o que de positivo descobriram em si próprios, dum em relação ao outro, fortalecendo a sua amizade e acorrentando-a aos prazeres das suas vidas.


dc