quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A verdadeira história de Hunter Patch Adams



Todos sabemos, que o Serviço Nacional de Saúde, em Portugal, com todos os defeitos que lhe possam imputar , é mesmo assim, do que melhor que existe, se comparar-mos com alguns países, como por EEUU. Mas também sabemos que todos os governos constitucionais, surgidos depois do 25 de Abril de 1974, procuraram lentamente destruir o SNS, tornando-o cada vez pior, por falta de condições e de apoios, regateando custos nos sítios errados. Limitam as condições de diagnóstico aos médicos, e estabelecem o funcionamento dos serviços sociais e hospitalares como algo que deve dar lucro, como se o que estivesse em causa não fossem pessoas, mas artigos de mercearia.
Somos também, todos pacientes que frequentamos, médicos e hospitais públicos, e alguns de nós, até já frequentamos consultórios ou clínicas privadas, por dificuldades de atendimento do SNS. Todos nós já tivemos médicos sensíveis que ouvem o doente que lhe minimizam a dor, que nos dão o sorriso. Também, certamente muitos de nós, tivemos médicos  em hospitais e até aqueles que, dizem, de família, nos quais não somos consideramos pacientes, mas meros clientes, que é preciso atender depressa, porque há dezenas em fila de espera. Somos mercadoria, que temporariamente passa pelo balcão de registo. Não raras vezes, ouvimos dizer os nossos amigos: "sabes fulano tem um cancro, foi descoberto numa consulta de rotina". Tempos depois ele desaparece e verificamos, que ele já há muito se queixava de certos sintomas e o médico/a o dissuadiam de que havia razão para tal.
Ao ver o filme hollyodesco, sobre a vida deste médico, ficamos com uma ideia de que temos um idealista, meio chanfrado que procura fazer rir os doentes. A entrevista aqui apresentada é um resumo de uma entrevista maior, que poderão consultar no link abaixo indicado. Aqui poderão apreciar um médico que efectivamente luta para que as pessoas sejam efectivamente parte da cura e que intervém em outras áreas sociais, políticas, culturais, etc., que ele sabe decisórias para o bem estar do ser humano. Ele não vê pacientes, ele vê pessoas, que é preciso cuidar. Pessoas com uma vida com gente dentro. Pessoas, que precisam para além de um "químico" que lhe é receitado, sejam ajudadas a sentir que vale a pena viver e lutar pela vida, sem perda de dignidade. Quem não se lembra do pai, irmão, filho, amigo ou até um vizinho, que após lhe ser diagnosticado um cancro, ou uma outra doença terminal, vem do médico completamente derrotado, perdendo de imediato o brilho nos olhos, deixando-se morrer desde logo? Que tipo de apoio tiveram e se o tiveram qual sua qualidade? Como foram apoiados os familiares, na ajuda ao paciente? Que condições económicas, sociais têm o paciente, para que tenha qualidade de vida na doença?

Vale a pena ganhar tempo vendo este filme, Como diz o próprio Patch Adams, " Pensar para mim é sempre positivo". Pensemos então.

http://video.google.com/videoplay?docid=4517809180274753735

sábado, 27 de agosto de 2011

Este mundo não é para novos


Talvez seja interessante, a seguir a este momento de diversão, ler o texto, que diziam ser do Mia Couto e afinal tinha sido escrito pela Drª Maria dos Anjos Polícia, Professora do Ensino Secundário, Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, Mestre em Gestão e Administração Educacional, no seu blog Assobio Rebelde, com o título "Geração Rasca - A Nossa Culpa" - 09Mar2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sem palavras

Tocador de viola: Imagem captada numa das ruas do centro da Cidade de Curitiba
O ser humano é capaz de usar todas as invenções e capacidades para lutar pela sobrevivência.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Suicídios no trabalho


Foto: Diamantino Carvalho
 O Jornal Público, publicou em 30 de Janeiro de 2010 duma entrevista a Christophe de Dejours, Psiquiatra, psicanalista e professor no Conservatoire National des Arts et Métiers, em Paris, no qual dirige o Laboratório de Psicologia do Trabalho e da Acção, cujo o tema era o suicídio no trabalho. Nessa entrevista, bem actual nos dias de hoje, fica bastante claro como os novos processos de gestão nas empresas e o ambiente social, podem transformar a saúde mental dos trabalhadores, levando-os à depressão e ao suicídio.
Perante verdade tão cruel, até que ponto se podem acusar governos e patrões, que através de medidas repressivas e intimidatórias levam as pessoas a acabar com a própria vida.
Diariamente se tomam medidas que visam retirar os direitos adquiridos aos trabalhadores, e implementando outras que retiram a independência, estabilidade e segurança. A estabilidade e a segurança, que hoje governos e patrões põem em causa será o seu calcanhar de Aquiles no futuro próximo. A falta de auto-estima e o medo, paralisam a criatividade e a qualidade na execução do trabalho pretendido. A sujeição cria ódios, e transforma a colaboração franca aberta e produtiva, em demoras e erros permanentes. As lutas nas ruas recrudescerão, até a paralisação de toda a Europa, com consequências imprevisíveis, se não acordarmos para o que se está a passar

Hoje trabalhamos sem futuro para nós, nem para os nossos filhos. Todos devemos pensar no queremos.


"Democracia quer simplesmente dizer o desencanto do povo, pelo povo, para o povo." Tema - Democracia Óscar Wild
Como diria o poet francês Paul Elouard, é preciso voltar a despertar veredas, a descerrar caminhos, a extravasar as praças e a gritar o teu nome – LIBERDADE.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Mudança de nome do blog

Foto: Diamantino Carvalho
O nome original deste blog "És um Urso ó Boi", foi mal interpretado. Para algumas pessoas era insultuoso, para outras, tinha pouco que ver com o conteúdo do blog, como tal, aqui estou eu a rectificar e aceitar as criticas construtivas que foram feitas e atribuir um novo nome.

História de um quadro II


Nunca fui de pintar todos os dias com horário estabelecido, como se a criatividade e inspiração fosse um acto permanente. Pinto quando me apetece, se for todos os dias óptimo, se não for óptimo também. Tem de apetecer, sentir o bichinho mexer por dentro. Por isso queria contar esta estória do quadro verde.
Verde não era cor que se visse, o meu sectarismo tonal estava a matar-me, mas na verdade a ideia inicial estava na janela e na luz através dela, com aquela cortina semi-transparente, ah sim e também no candeeiro com a luz acesa em pleno dia. O fascínio da luz do candeeiro tinha que ver com algo de silêncio, isolamento espaço introvertido de leitura de fim de tarde. La Casa se queda sola
Tudo fervilhava no princípio. Como fazer, e o quê, com aqueles elementos. Eu imaginara aquele verde saído de algum sítio da memória, mas não ligava com nada.
A composição estava fraca, havia ainda um espaço enorme entre a mesa do candeeiro, quase sem perspectiva e o espaço limpo todo verde debaixo da janela. Guardei o quadro e deixei a marinar vários meses.
Naquele dia acordei cedo. Na véspera, tinha estado a trabalhar num quadro que tinha começado há alguns dias e deixara-o parado. Como sempre, a porta do atelier ficou aberta. É meu hábito ao sair do quarto, olhar para ver o que está no cavalete, de modo que sem juízos pré-concebidos, analise e comece logo a fazer algo. Nesse dia assim aconteceu. Ainda seminu, entrei e comecei a pintar até acabar o quadro do cavalete. Ao arruma-lo, olhei para aquele outro, todo “verde”, ali encostado e pensei para comigo que tinha de o acabar, ou destruir construindo algo por cima.
Peguei nele coloquei-o em cima da mesa ao lado do cavalete e lentamente comecei a trabalhar pequenos pormenores, tentando deixar-me seduzir por ele. Caminhando, pé ante pé, ou melhor, pincelada atrás de pincelada, fui fazendo umas colagens para dinamizar o espaço debaixo da janela, e aos poucos fui-lhe dando uns toques, perdendo o medo e avançando. Quando parei ao fim de um par de horas, ainda sentia que estava longe de estar completo, mas estava mais animado, o verde incomodava-me menos, a janela e o candeeiro estavam menos perdidos. Mais uma vez deixei-o a marinar, julgando que tão cedo não lhe ia pegar. Erro. No dia seguinte como sempre cumprindo a rotina, ao sair do quarto, olho e vejo umas sombras do cortinado da janela, sobre o quadro. A solução surgira, comecei logo pintando dando sequência ao que vira, até finalizar. Tão entusiasmado fiquei, que outro quadro à vários meses esperando melhores dias, levou o remate final.
Quando lavava os pincéis, pensava no que se tinha passado. Naqueles dias eu não tinha ficado dividido entre leituras e tarefas, o tempo correra num ápice e o prazer tinha sido enorme quando por fim dera por concluídos aqueles quadros. Mais uma vez conclui, lembrando-me um pouco do modo como Polock pintava. Por mais que o resultado final seja o nosso objectivo, o acto de fazer, trabalhando as tintas e o espaço possuem um gozo inexplicável.
“Para que haja arte, para que haja alguma acção e contemplação estéticas, torna-se indispensável uma condição fisiológica prévia: a embriaguez. A embriaguez tem de intensificar primeiro a excitabilidade da máquina inteira: antes disto não acontece arte alguma.”
Friedrich Nietzsche, in "Crepúsculo dos Ídolos"

sábado, 20 de agosto de 2011

História de um quadro e outras estórias


Contam-se histórias de pintores e pinturas, fala-se de técnicas, de estilos, de ciclos, de estética, cor composição, etc. etc. Conversa de doutores. A única coisa de que se lembra, na hora de pintar, foi de que havia uma estória, que ao sobrinho neto queria contar. 
Uma dúvida lhe ficou, qual delas escolheria, para melhor exemplificar? Fica ao critério de quem vê/lê, e como lê/vê. Por experiência digo, que se gosta, ou não se gosta, e o resto é uma bosta.

- Era uma vez: uma “senhora Montanha” que deu à luz um “Lua Cheia”, que os reis Gato, Pomba, Esquilo e Andorinha vieram visitar, vindos de muito longe, em avião fretado, trazendo flores.  Queriam, conjuntamente com as amigas “primárias”, Vermelho, Azul, Amarelo e Verde, da paleta das cores, mai  lo “preto rabugento”, celebrar tão esperado nascimento. E assim todos felizes, desde bem cedo, ao “Lua Cheia”, queriam dizer, que poderia contar com todos os eles, no início da sua vida, cumprindo a tradição da “avó natureza” e de seu tio avô, “o senhor Coelho” de pelo branco de sua alma, com o qual iriam ao circo.

Outra estória se pode contar, sobre o mesmo quadro, abordando as simbologias nele representadas.
A montanha, que figura um corpo feminino,. Mãe é montanha, é força, é consistência, nada a derruba, suporte na nascença, força de permanência.
Lua cheia, símbolo de proximidade, lua dos apaixonados, de beleza da noite, força majestosa que se pretende agregar ao nascido.
Gato, o melhor companheiro dos pais, actual vigilante da mãe.
Pomba da paz, prenúncio de calma harmonia, conciliação.
Avião, viagem, substituição da cegonha, dos tempos modernos.
Esquilo, bichinho simpático, irrequieto, olhar sempre atento, gracioso, como são todas as crianças.
Andorinha, pássaro, dos meses de verão, alegre no seu voo, que nos anima os fins de tarde. As crias são alimentadas por ambos os pais.
As flores no prado verde, com a frescura da natureza premiando o nascimento e o acolhimento.
Cores primárias como base, as que as crianças melhor identificam e o preto a definir.
Composição, a harmonia do todo, sem procura académica, mas no sentir do olhar.

Duas histórias cada uma como seu enredo cada um tem seu segredo.
E pronto, assim foi. A história estética... fica “prá boi contar”