quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

SEM TÍTULO



Desapercebi-me da escrita, deixei de ver sair dos dedos a força necessária à construção das palavras e das frases, que transmitem significados, ideias, opiniões, criatividade (?). Somos levados pela corrente gerada pela sociedade que nos envolve, pela crise gerada pelos muito ricos, pelo cheiro no ar de tanta pobreza, pela hipocrisia e da caridadezinha que nos magoa bem fundo de nós. Nós gentes que sempre fizemos do trabalho forma de estar e de dignidade. Tudo isto nos vai tragando as forças, deixando-nos por vezes tão pressionados, tão cheios de tudo, que nos sentamos num qualquer espaço neutro, que nos deixe perdidos no tempo sem raciocínios ou vontades. Quantos de nós nos inibimos de sair de casa, de tomar um café, de estar com os amigos? Quantos de nós vemos passar sorrisos e pensamos lágrimas? quantos de nós vemos comida e pensamos fome?
Como os animais, quando encurralados, a nós Homens nada mais resta do que lutar pela sobrevivência, jugo que assim faremos não tarda.

DC

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

OS OLHOS FALAM



Os olhos falam mesmo quando calados

Os olhos falam, quando muito ou pouco amados
Os olhos interrogam e não fazem perguntas
Os olhos respondem sem ser questionados
Os olhos falam mesmo quando estamos cansados
Os olhos têm cor e brilho de encantar
Os olhos dizem palavras difíceis de pronunciar
Os seres que possuem olhos, vêm sem pensar
Os olhos espelho da alma aos olhos dos outros são
E deixam em cada um asas e imaginação.

DC

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

IMAGEM PARADA NO TEMPO



Quando nos abraçamos no cais de um qualquer lugar, os gestos denunciam a partida ou chegada.

Embora a imagem não fale da partida ou chegada, mas de um encontro ou reencontro é óbvio que as emoções contraditórias se misturam e enriquecem o momento e denunciam ao que vão as pessoas.


Pode ser a partida, que dói pela distância que vai criar, daqueles de quem gostamos, mesmo que o destino seja pensado para o “nós”.

E pode ser uma chegada que determina um espaço temporário de estar, ou de recuperar a alegria e o tempo perdido.


No entanto na imagem parada no tempo, ficará para sempre a ternura do gesto, o calor do abraço e a saudade que não se descreve.

DC

domingo, 2 de dezembro de 2012

PARTIDAS e CHEGADAS


Todos os dias ouvimos sair da boca de eminentes figuras, sejam elas gurus das empresas, especialistas de marketing, da ciência, da politica, de amantes ou apaixonados: “vamos partir para uma nova etapa”,”Vamos partir para uma nova vida”, “vamos partir para o mercado”, “ vamos partir de viagem”, vamos partir é o elemento principal do seu pensamento. Sempre partindo para algo de novo, como apontando um destino, um futuro que tem uma chegada a um qualquer sitio, nem que seja metafórico.

Julgo que a palavra “partir” e “chegada” têm um significado abrangente e fazem parte da existência do ser humano. Somos todos um “cais de partidas e chegadas”, de viagens mais ou menos curtas que definem a nossa existência. Pensamos a nossa vida como partidas e chegadas constantemente renovadas.

Todos “partimos” para algum lugar, em algum momento, com algum objectivo de chegar.

Partir implica pensar num objectivo e necessita de um planeamento, não importa se a chegada é já ali ao lado. Há todo um a caminho a percorrer desde que se pensa na partida e há que determinar como fazê-lo.

Pensar em partir já por si significa que existe um pensamento subjacente que nos leva a essa decisão. Pensamento esse que nos induz  a uma chegada, a um fim, mesmo sem pensar no que isso possa significar. Há portanto dois momentos, um que leva à decisão, e um outro que planeia e decide o objectivo principal que pretendemos na chegada.

Na verdade a partida é decisória, importante para chegada a um determinado objectivo que não será um fim, mas o inicio de uma outra partida. Significa que teremos várias partidas, e chegadas que serão novas partidas, até que um dia chegaremos à única chegada que estabelece o fim e que implica uma outra partida, sem que a decisão seja nossa e sem 
qualquer planeamento de chegada.
Até que a nossa partida seja uma definitiva chegada, e vice versa, teremos que pensar no longo caminho que percorreremos. Esse afinal é que é o objectivo “ onde queremos chegar”. O caminho que leva à concretização de cada partida e chegada.
Por isso, importante para nossa existência, é estabelecer partidas com o objectivo de chegar a algum lado, porque de certeza essa chegada será a concretização do objectivo e será a partida para um outra chegada, e assim sucessivamente.

Este raciocínio que parece repetitivo e que não trás novidade nenhuma, na verdade tem como principio básico, uma dialéctica de evolução, que está subjacente a toda a sociedade.

DC


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

VELAS DE VIDRO



Parecem velas de barco vogando no mar. O brilho e as cores daqueles pedaços propositadamente ali colocados, têm tanto de sedutores e belos, como traiçoeiros e perigosos. Quase nos esquecemos da função para que ali foram colocados. Poderia quase afirmar-se, que aqueles para os quais foi lançada a armadilha, se em pleno dia, fossem tentados a ultrapassar o espaço que delimitam, possivelmente os ignorariam. Não imaginariam sequer que aqueles pedaços tão coloridos, pudessem rasgaram a pele e fazer soltar o sangue vermelho do seu corpo.


Por vezes a beleza, como muitas outras coisas da vida, confunde e esconde a realidade.


DC

terça-feira, 27 de novembro de 2012

MEMÓRIAS FUTURAS


Memórias futuras existem quando os presentes “presentes” são bem vividos, amados e rodeados das coisas que mais apreciamos. A/O companheira/o, os filhos, os familiares, os amigos, o gato de estimação, os livros, boas degustações, e tudo isso, se possível, tendo o espaço que mais gostamos.

Será gloriosa memória futura, o presente que ajudamos a construir, pelo qual lutamos, partilhamos e em que somos solidários na conquista de um mundo melhor para todos.

Será memória futura a percepção e participação no evoluir das mentes e da sociedade em que estamos inseridos.

É memoria futura mais do que tudo sabermo-nos amados e queridos, pela integridade do que somos, perante os seres humanos que nos rodeiam, pela cultura que possuímos, pelos sorrisos que distribuímos, pelos abraços que damos, pela confiança que prodigalizámos a todos aqueles com quem partilhamos esta nobre arte de ser, viver e participar futuros.

Seremos memória, quando neste presente adverso, procuramos levar a cor do arco íris da esperança, de proposta de vida, a todos que têm o seu mundo possuído pela não cor do egoísmo dos Homens.


Seremos memória, quando no futuro forem os outros a ver os nossos passos calçados de flores por tudo o que fizemos neste presente.

DC

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

SE A NOITE E O DIA...




Gostaria que a noite não entrasse em mim como um peso que destrói
Gostaria que a noite fosse um ligar de sonhos e eu o seu herói

Se a noite fosse lugar de descanso e não me ocupasse o dia
Se a noite fosse esse lugar de dormir para acordar com alegria

Talvez se a noite fosse noite com toda a sua virtude
Talvez o dia fosse dia com toda a sua magnitude

Espero dos humanos a sensatez de não tirarem à noite a sua razão
E ao dia deixem toda a virtude que aos olhares despertos dão

DC