sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

TODOS OS DIAS



Todos os dias nascem crianças, que não são “Jesus”
Todos os dias morrem crianças mal enxergam a luz
Todos os dias morrem Homens bons, que não são santos
Todos os dias no mundo, o povo tem seus prantos
Todos os dias perdemos parte da vida para bem de uns quantos
Todos os dias, muitos de nós enfrentamos o Poder sorrindo
Todos os dias escondemos a revolta que estamos sentindo
Todos os dias acordamos a pensar no bem e no mal
Todos os dias gostaríamos de ter o amor de um dia de
Natal



DC

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Hoje fui PASSEAR AS CANETAS





Tenho uma espécie de obsessão por canetas, esferográficas, lapiseiras e outros riscadores. tenho uma colecção de razoável qualidade. Todos estes bolígrafos, me estimulam de diferentes maneiras nas funções técnico práticas, ou na motivação criativa.

Em tempos idos, quando concluía um trabalho profissional como “free lancer”, era meu hábito, compensar o meu esforço de realização, criando novo estímulo, comprando uma nova esferográfica ou lapiseira. A minha receptividade à sua estética e funcionalidade ditavam a duração das suas múltiplas performances e o desejo de realizar novos projectos.


Ainda hoje o acto de escolher uma caneta, esferográfica, ou lápis funciona como uma espécie de sedução, experimentando várias, até encontrar afinidade do bolígrafo com o tema da escrita, ou o desenho que pretendo executar.

A opção caneta de “tinta permanente”, era quase sempre para escrever. Ela permitia-me a velocidade do raciocínio e da escrita. por vezes, também para desenhar nas mesas de café com outra expressividade, aguarelando os desenhos com um pouco de água ou café.
A esferográfica, com a carga de esfera fina, era o bolígrafo por excelência para tomar notas em reuniões, ou fazer listas de compras, me permitia-me usar letra pequena e rapidez.
Houve um largo período, que me dei de amores por um bolígrafo multifunções da Rotring, com diferentes espessuras de lápis, e com uma variante, esferográfica. Gostava tanto dela, que usava uma das suas funções de lápis, para escrever cartas, obrigando-me, a pedir desculpa às pessoas a quem as dirigia por assim fazer.


Os computadores apareceram e foram-nos afastando desse prazer. Talvez para alguns de nós os “mais antigos”, não todos, antes de executarmos na “máquina”, esboçamos as ideias usando um qualquer bolígrafo.


Sentir a textura, os efeitos do riscar sobre o suporte, a liberdade da mão circulando em diferentes velocidades e os efeitos inesperados que por vezes acontecem. são sensações únicas que alimentam o acto de criativo. Usar o lápis deitado ou na vertical. trabalhar com o bico da caneta ao contrário para obter linhas mais finas, usar a esferográfica para fazer sombreados, tudo isso provoca um gozo enorme, e uma das razões, porque gosto, por vezes, de comer em restaurantes com toalhas de papel sobre as mesas.

Parece um disparate, mas na verdade de vez em quando vou fazer uma “visita” aos meus bolígrafos. Pego num e noutro e escolho um ou dois, para durante uns dias escrever desenhar ou tirar notas com eles, quase como se levasse o cachorro à rua. A isto eu chamo passear as canetas. Tiro-as do ranço estático da gaveta para me deliciar com o seu toque e prazer de rabiscar.

DC



sábado, 15 de dezembro de 2012

SÓ TU MULHER


Desenho rendilhados em teus pés com a ternura dos meus sonhos, com a certeza do quanto amo a tua natureza, mulher.

Em cada flor, em cada encadeado do desenho que se forma, está um pedaço de meu, para ti, para que te sintas rainha no seio da existência dos homens.

DC


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

SEM TÍTULO



Desapercebi-me da escrita, deixei de ver sair dos dedos a força necessária à construção das palavras e das frases, que transmitem significados, ideias, opiniões, criatividade (?). Somos levados pela corrente gerada pela sociedade que nos envolve, pela crise gerada pelos muito ricos, pelo cheiro no ar de tanta pobreza, pela hipocrisia e da caridadezinha que nos magoa bem fundo de nós. Nós gentes que sempre fizemos do trabalho forma de estar e de dignidade. Tudo isto nos vai tragando as forças, deixando-nos por vezes tão pressionados, tão cheios de tudo, que nos sentamos num qualquer espaço neutro, que nos deixe perdidos no tempo sem raciocínios ou vontades. Quantos de nós nos inibimos de sair de casa, de tomar um café, de estar com os amigos? Quantos de nós vemos passar sorrisos e pensamos lágrimas? quantos de nós vemos comida e pensamos fome?
Como os animais, quando encurralados, a nós Homens nada mais resta do que lutar pela sobrevivência, jugo que assim faremos não tarda.

DC

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

OS OLHOS FALAM



Os olhos falam mesmo quando calados

Os olhos falam, quando muito ou pouco amados
Os olhos interrogam e não fazem perguntas
Os olhos respondem sem ser questionados
Os olhos falam mesmo quando estamos cansados
Os olhos têm cor e brilho de encantar
Os olhos dizem palavras difíceis de pronunciar
Os seres que possuem olhos, vêm sem pensar
Os olhos espelho da alma aos olhos dos outros são
E deixam em cada um asas e imaginação.

DC

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

IMAGEM PARADA NO TEMPO



Quando nos abraçamos no cais de um qualquer lugar, os gestos denunciam a partida ou chegada.

Embora a imagem não fale da partida ou chegada, mas de um encontro ou reencontro é óbvio que as emoções contraditórias se misturam e enriquecem o momento e denunciam ao que vão as pessoas.


Pode ser a partida, que dói pela distância que vai criar, daqueles de quem gostamos, mesmo que o destino seja pensado para o “nós”.

E pode ser uma chegada que determina um espaço temporário de estar, ou de recuperar a alegria e o tempo perdido.


No entanto na imagem parada no tempo, ficará para sempre a ternura do gesto, o calor do abraço e a saudade que não se descreve.

DC

domingo, 2 de dezembro de 2012

PARTIDAS e CHEGADAS


Todos os dias ouvimos sair da boca de eminentes figuras, sejam elas gurus das empresas, especialistas de marketing, da ciência, da politica, de amantes ou apaixonados: “vamos partir para uma nova etapa”,”Vamos partir para uma nova vida”, “vamos partir para o mercado”, “ vamos partir de viagem”, vamos partir é o elemento principal do seu pensamento. Sempre partindo para algo de novo, como apontando um destino, um futuro que tem uma chegada a um qualquer sitio, nem que seja metafórico.

Julgo que a palavra “partir” e “chegada” têm um significado abrangente e fazem parte da existência do ser humano. Somos todos um “cais de partidas e chegadas”, de viagens mais ou menos curtas que definem a nossa existência. Pensamos a nossa vida como partidas e chegadas constantemente renovadas.

Todos “partimos” para algum lugar, em algum momento, com algum objectivo de chegar.

Partir implica pensar num objectivo e necessita de um planeamento, não importa se a chegada é já ali ao lado. Há todo um a caminho a percorrer desde que se pensa na partida e há que determinar como fazê-lo.

Pensar em partir já por si significa que existe um pensamento subjacente que nos leva a essa decisão. Pensamento esse que nos induz  a uma chegada, a um fim, mesmo sem pensar no que isso possa significar. Há portanto dois momentos, um que leva à decisão, e um outro que planeia e decide o objectivo principal que pretendemos na chegada.

Na verdade a partida é decisória, importante para chegada a um determinado objectivo que não será um fim, mas o inicio de uma outra partida. Significa que teremos várias partidas, e chegadas que serão novas partidas, até que um dia chegaremos à única chegada que estabelece o fim e que implica uma outra partida, sem que a decisão seja nossa e sem 
qualquer planeamento de chegada.
Até que a nossa partida seja uma definitiva chegada, e vice versa, teremos que pensar no longo caminho que percorreremos. Esse afinal é que é o objectivo “ onde queremos chegar”. O caminho que leva à concretização de cada partida e chegada.
Por isso, importante para nossa existência, é estabelecer partidas com o objectivo de chegar a algum lado, porque de certeza essa chegada será a concretização do objectivo e será a partida para um outra chegada, e assim sucessivamente.

Este raciocínio que parece repetitivo e que não trás novidade nenhuma, na verdade tem como principio básico, uma dialéctica de evolução, que está subjacente a toda a sociedade.

DC