quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Uma a Uma



Uma a uma
de forma certeira
sobrepondo-se
como em equilíbrio
precário
como fases da vida
relatando seu fadário
ou pedra bulideira
em terras transmontanas
desenhando paisagens
serranas.

A natureza
o artista e sua arte
dois amores
que não se perdem
no correr dos tempos
diria pens’arte
natureza
viva
presente.

DC

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Tão simples como isso



Ficamos nós,
parqueados no tempo
olhando
beleza infinita
natureza inocente
e de repente
somos um corpo único
saindo do nada
valendo tudo.

DC

sábado, 25 de outubro de 2014

O "Raio" do Tempo..

 

As nossas vidas são um deambular pelo tempo(de relógio). Tempo que, em alguns momentos, gostaríamos que recuasse, em outros, que andasse mais depressa e ainda outros em que a lentidão seria o ideal, Há situações, onde até gostaríamos de parar no tempo. Nada nos satisfaz, nem muito, nem pouco, tempo é o tempo e é incorrigível, não à volta atrás, daí que se fale muito em “em viver o dia-a-dia”, “viver um dia de cada vez”, “viver o momento”, e “ a água do rio não passa duas vezes pela mesma ponte”, etc., etc., mesmo assim continuo a dizer, não andará mais depressa ou mais de vagar de acordo com os nossos desejos.

A que propósito esta lengalenga? Eu desejaria, neste momento que o tempo recuasse bastante, ou que acelerasse muito rapidamente, saltando por cima deste momento de agora, que fizesse um intervalo, e eu pudesse escolher os melhores momentos para viver.
Todos sabemos que o mau, faz parte da percepção do bom, mas preferia não ter o mau em tantos momentos do tempo sobrepondo-se ao que é bom. Se dizem que temos o livre arbítrio, então eu quero trocar e gozar muitos e bons momentos e um mauzito de vez em quando. Será que se pode fazer isso?... Se não se pode, então é mesmo mau, porque neste momento a todos os níveis, pessoais e sociais os maus momentos vêm em catadupa e isso não é bom para a sanidade mental, de qualquer cidadão.

Estou a pensar seriamente, se tenho de partir todos os relógios que me apareçam pela frente, ou rasgar os calendários, deixando essa estória dos “timings certos” para o raio que os parta. Apetece-me deixar correr o tempo sem pensar, ficar eternamente absorto e deixar que a natureza se encarregue de resolver o meu problema com o tempo. Até por que sei que um dia, inevitavelmente, acontecerá de já não ter tempo, de viver o tempo.

Há dias assim, talvez porque hoje é sábado, dá-me para pensar nestas coisas de tempo e perda de tempo.Se calhar devia hibernar, como os ursos. Se calhar, até dará para ajuizarem e dizerem: "este tipo é mesmo um urso". Corro esse risco.

Tenham um bom dia.


DC


terça-feira, 21 de outubro de 2014

TENHO TANTO PARA DIZER



Tenho tanto para dizer
E nada sai da garganta
Sei que diga o que disser
Se a tristeza é tanta
Nada vai resolver.

É o riso que não se repete
O abraço que desaparece
A ternura que não acontece
Toda uma perda que surgia
Da noite para o dia.

Como marca do tempo
Ficam as suas imagens
Contando toda a sua história
De laços que não se apagam
No registo da nossa memória.

DC

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

SErá uma TRETA




A conversa que surge desprovida de imagem, tem voz, como os livros tem letras que constroem palavras e estas frases, Se despida da emoção é um conjunto de ruídos, que se constroem. Em termos abstractos, não existo, sou uma voz perdida algures numa das estradas da comunicação. Existo como componente para justificar a existência dos aparelhos de comunicação e para servir de justificação à sua aplicação. Sirvo para provar que quando se quer podemos acrescentar conhecimento, quando não, somos elemento de prova.

DC

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Um retrato "à la minuta", cheio de saudade



Só, tombado no chão na hora de ir. Só, cansado e já sem sorrir, mas sereno como se partisse, com o dever cumprido. Só, por fatalidade aconteceu, não como muitos da sua idade macerados pela vida dura que lhes foi imposta e se perderam na solidão.

Foste, irmão, sem que te tivesse dado o último abraço, sem que voltasse a sorrir, com as tuas falas de convicção e afirmações revolucionárias, na defesa intransigente da justiça de uma sociedade para com o seu povo.

Partes deixando esta Pátria que tanto amavas e o seu povo pelo qual sempre guerreavas. Foste sempre vermelho de sangue, de alma, de partido, “Ninguém me muda”, dizias tu para quem quisesse, "não cederias!" A luta dentro da tua Pátria já te dera um 25 de Abril, porque não um futuro onde se não morresse só, mesmo que por mero infortúnio.

A tua infância foi dura, como era naquele tempo em que a viveste. Cedo aprendeste a profissão de fotógrafo, que te acompanhou ao longo da vida e com ela foste fixando nesse suporte visual toda uma história da luta política, e de todas os momentos em que dentro da família estavas presente.

Milhares de fotografias arrumadas e arquivadas contam histórias deste Portugal que sentias novamente amordaçado. Das suas manifes, das suas lutas nos sindicatos, nas ruas, no antes e depois de Abril. Todas elas contando a história de defesa das conquistas democráticas, nas lutas nas empresas, com greves, paralisações e suas duras incertezas.
Tua vida derradeira, teve a luta como bandeira por um mundo mais justo em favor dos mais desfavorecidos. Querias um país com maior igualdade entre o seu povo, no acesso à qualidade de vida, ao ensino, à saúde e à justiça social.
No teu caixão, SÓ podia estar a foice dos ceifeiros e o martelo do operário, sobre o pano vermelho símbolo da luta que servias sem jornas ou salário.

Toda essa tua dedicação, mais extremada, nos últimos anos da tua vida, de participação activa com o teu trabalho sindical e partidário, não impediu fosses arranjando algum espaço para a família e mostrares o teu carinho, aos irmãos, aos sobrinhos, à tua companheira de longa data e a todos os parentes mais chegados, aos companheiros e amigos. Gostavas de participar e conviver, em especial nas nossas festas de família, com a tua gula simpática apreciando todos os sabores, e com tua disponibilidade, para ajudares, nas tarefas que te solicitavam. Convivemos toda uma vida partilhando dificuldades e estórias algumas bem divertidas. Como quando brincávamos com os banhos de água de colónia, que sempre davas na roupa que vestias e que funcionava como tua imagem de marca.

Ficamos presos aos momentos que se ligam pelo fio do passado e que irão restar como presença, nas datas mais significativas, desta revolução de Abril adiada, e nas datas festivas da família onde a tua presença se fazia sentir. Esta foi a última viagem que não te acompanhei, com aquela nossa lengalenga, sobre a política e família, a caminho de Viana Castelo, para mais um Natal, uma Páscoa, ou para o festejo dum qualquer dia.

Deixas a mágoa da partida, como sempre nesta hora difícil de perda, ficamos com a sensação de que não fizemos tudo para vivermos as nossas lutas comuns e os momentos de lazer.

Ainda agora partiste e já a saudade se instalou nas entranhas e restará para todo o sempre como impressão digital na minha vida.

12/OUT2014

DC


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Temos direito ao sonho



Temos direito ao sonho,
a realizar os desejos,
a distribuir abraços e beijos,
de ser ombro,
de ser parceiro,
companheiro,
amigo,
de ser humano,
ser alguém em primeiro.
Ser livre nas decisões,
na liberdade,
nas emoções,
sem escolha de tempo e espaço,
aproveitando ao segundo
até os momentos a sós,
como se no mundo,
só existíssemos nós.

É flagrante necessidade
aprender esta realidade,
para fugirmos ao "fado"
e à palavra saudade.

DC