segunda-feira, 14 de março de 2016

Um fio de voz nos liga




As palavras nos aproximaram, na oralidade dos sentimentos. Uma origem do mesmo lugar, como marca de sangue que nos une na partilha, e nos faz cúmplices de uma pronúncia com história. Temos a memória dos corpos na sincronia do prazer, registada na pele. O agora, conjugado num verbo que há realidade nos trás, que se chama sobreviver. No amanhecer, uma fio de voz nos liga, que encurta as ausências e acalenta o amanhecer dias. Assim vamos nós, confiando na mudança que o tempo se encarregará de fazer. Para melhor, ou pior, ninguém sabe, a única coisa que sabemos é que o hoje é como é. O amanhã ...ainda faltam muitas horas.

dc




sexta-feira, 11 de março de 2016

Perdi o beijo do teu olhar





Perdi o beijo do teu olhar, o calor na tua voz, a doçura nas palavras, a aproximação do teu corpo me encantando. Vais deslizando para outras paisagens, procurando retiro para o teu pensamento. Deixaste de lutar pelo sonho, perdeste a coragem que só o medo nos dá. Agarras-te às certezas, ficas no monocórdico existir, gozando, às escondidas, intimidades que te mantém de pé na vida, para que não te percas agarrando o momento...o agora, vais lentamente criando uma névoa que te impede de decidir, ou de saberes a importância do que o outro tem no teu sentir. É pena que assim seja, o sonho é aquilo que ainda resta e sustenta o objectivo que queremos e lutamos para realizar, É pena que tenhas desistido ainda tão cedo, quando só de ti dependia para se concretizar.
Quando a vontade é muita, metade está feito. Porquê desistir?

dc

quinta-feira, 10 de março de 2016

Por quê...só um dia.?





Sempre te quis
Por quê só um dia
Se todos os dias são teus
Só tu me fazes feliz
És o não igual que faz o par
Na vivência
No calor do tempo que ocorre
Na alegria
Que ao teu lado não morre
No teu ventre que me acolhe
No nascido
Que germinas
No amor com que me animas
Na salutar dependência
Que em mim fomentas
No que me dás de vivência
No quanto me ajudas na dor
Como alimentas o amor
E em mim sustentas
Construindo os dias
Neste nosso modo de ser
Eu sou homem
Tu és mulher.


dc

segunda-feira, 7 de março de 2016

Produzir... Apreciar...




Há os que
produzem
imagens
todas elas belas,
todas falando
sem palavras.

Há os que
vendo
e apreciando
sua beleza
estética
vão viajando.

Há os que,
patetas,
passam ao lado
nem produzindo
nem viajando
só ignorando.

Há os que
da arte se vão
governando,
nada fazendo
nem apreciando,
só lucrando.

ou seja...

Há os que
produzem
e os que apreciam
vão viajando
e há uns outros,
esses “venha o diabo
e escolha.”

dc



sexta-feira, 4 de março de 2016

E restem os cansaços




Hoje, voz no meu peito,
Silêncio no que me rodeia,
Pranto de guitarra
Apelando nesse teu jeito

O encanto veio no teu olhar,
No mexer dos lábios,
Nas mãos se agitando,
Das palavras em silêncio
Em mim gritando

O teu respirar chegou suave
De encontro ao meu corpo
Trazendo teu perfume,
Fez-me preso, absorto
Temendo que acabe

O nosso abraço foi longo,
Apertado, quase indecente,
E nos lábios que se cruzam,
O  calor e vontade ardente
Que os corpos se concluam

Depois...

Sussurros se desfazem
Em ouvidos devassados,
Mãos e dedos à descoberta
Até que a estória se torne concreta
E restem os cansaços.     

dc




quarta-feira, 2 de março de 2016

PIRUETAS





Andas nas margens
fazendo as tuas viagens.
Temes as águas profundas
onde não sentes o pé.
Temes que a força da correnteza
faça com que percas a fé,
da beleza que te desenha,
ou dum pensamento
que te detenha.
No horror da incerteza,
vives acorrentada
na expectativa,
procurando no devir
a resolução do sentir;
como se os afectos
fossem tão concretos,
e possíveis de decidir,
pela simplicidade do tempo
no matemático somar dos dias.
Vais fazendo caretas
às decisões,
e às emoções;
piruetas,
adiando a morte inevitável,
que no dobrar da esquina,
surge vestida de negro
no aspecto saudável,
de um coveiro
em fim de semana.

dc