A beleza já gasta pelas marcas do
tempo, continuava sendo retocada, Tapava os olhos, com óculos escuros e
grandes, para que se não vissem as rugas, ou as preocupações, Vestia roupas
menos luxuosas, mas bem combinadas, circulava pé ante pé, mantendo a pose, o ar
altivo, como se ainda o motorista a esperasse na porta da residência, no
cabeleireiro a hora marcada, ou até o chá das cinco continuasse nos seu hábitos,
Manter rotinas, dissimulando o parco bolso que restou de um divórcio mal
resolvido, era o essencial para que se caracterizasse, não como grande senhora,
para isso tem de se ter berço, mais como alguém que subiu uma escada que teima
em não descer, mesmo quando no topo já nada existe. Assim vai sobrevivendo, com
aparente dignidade, impede que alguém questione, se é mentira ou verdade que o
carapau que compra, não é para ela é para o gato.
dc