sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Um Beijo é um beijo e pronto




Um beijo, pode ser sobre o mar
Um beijo, pode ser debaixo do céu azul
Um beijo, não tem norte nem sul
Um beijo, se dá em qualquer lugar
Um beijo, na face de amizade
Um beijo, se dá na relação de irmandade
Um beijo, o sal da vida agarrado à saudade
Um beijo, vive entre frases que se murmuram
Um beijo, tem despedida e dor
Um beijo, tem o agridoce do encontro
Um beijo, aos lábios dá cor
Um beijo, tem bocas que de desejo se torturam
Um beijo, tem mel e prazer no fazer do amor
Um beijo, é um beijo e…pronto.

dc


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

À mercê de uma resposta





Fica pendurado na chamada inacabada, num intervalo não desejado, na pressa de servir o tempo. Fica perdido, sem referência, à mercê da resposta que não chega, mais uma vez adiado o compromisso, a hora e o local de encontro. O comboio partiu e o bocal abandonado como ele sem saber, qual o destino.

dc

domingo, 1 de janeiro de 2017

O amor não cede





Ainda és a dor
Que eu sinto
Não te minto.

Foste o último amor
Um aroma de flor
Uma esperança

Na vida que nos cansa
O alimento
Contra o tormento

Na presença
A diferença
Na ausência

Te penso todo o dia
Agora o velho ano se vai
E o novo acontece

O vinho arrefece
A celebração se perde
E o amor não cede

dc



sábado, 31 de dezembro de 2016

31 de Dezembro 2016




Não começamos um novo ano, fugimos de um ano velho, bolorento.
Trezentos e cinquenta e cinco dias, distam do primeiro dia do ano que se vai, dele já não resta frescura, só esparsas memórias e nem todas agradáveis, ou memoráveis. O ano que acaba começou cheio de pedidos, de desejos, de projectos, em doze passas comidas no virar da meia noite, dos quais na sua maioria, ou quase todos ficaram por realizar.

Haverá sempre muitas pessoas que viverão a passagem do ano festejando e celebrando a pretexto das mais variadas razões, outros continuarão exercendo solidariedade para com os mais desfavorecidos, nos hospitais, nas ruas, em lares, distribuindo parte do pouco que já têm; muitos outros viverão horas de angústia e tristeza, fazendo balanço do tempo decorrido, fechados entre quatro paredes, para não alimentar sonhos confusos, ou ter ideias erradas quanto ao que a partir do nascer do novo ano poderão realizar.


Ansiamos o novo que começa, com não sei quantas ladainhas e tretas que nos alimentem a ideia de que “agora é que vai for” e sempre com a palavra esperança debaixo da língua. Uma certeza temos, é que envelhecemos, que uns continuarão vivendo, tristezas, violências, fome, rejeição e uns outros terão sempre mais de tudo, mais do que necessitam, desde os bens materiais, aos emocionais. Não devemos perder a esperança de facto, mas acreditar mesmo que tudo vai melhorar? Talvez seja melhor é beber uns bons copos de uma qualquer bebida espirituosa e sempre ficamos mais distraídos da realidade do passar do ano e nossos desejos. Quem acha que é preciso esquecer as maleitas do ano e viver o dia, também tem esse direito, mas....cuidado com o virar da esquina.

dc

sábado, 24 de dezembro de 2016

Reflexão(?)





Elas são rios que correm até à comissuras dos lábios, fazendo o percurso da mágoa, da dor imensa que as reflexões em dias destes, de festa da “família”, nos trazem à memória; Os familiares, os amigos vizinhos, colegas de trabalho, acima de tudo, as pessoas que em algum momento da vida foram mais próximas e mais presentes nos nossos sonhos, projectos e vontades. Lamentável, que durante trezentos e muitos dias nos perdemos no nosso mundinho, com todas as suas inerências e agora ao fazermos o balanço é que detectamos, e tentamos reparar, com as desculpas e benção possíveis, o quanto abdicamos do calor de um abraço, de um sorriso, de um beijo, de uma voz, de uma partilha. Um ano mitigado, dorido, perdido porque o tempo não se ganha. Dizemos festas felizes, tentando esconder, no meio de uma certa “abundância”, na mesa, nas aquisições, nas doçuras e prendas, todo um mal estar causado pela ausência.

dc

“O amor é mais falado do que vivido. Vivemos um tempo de secreta angustia. Filosoficamente a angustia é o sentimento do nada. O corpo se inquieta e a alma sufoca. Há uma vertigem permeando as relações, tudo se torna vacilante, tudo pode ser deletado: o amor e os amigos.”

“seus netos continuarão pagando os 30 anos da orgia consumista”

Zygmunt Bauman