terça-feira, 13 de março de 2018

Dá mais um passo



Se me amas
neste estar difícil
Se me amas
tens de o dizer
Não há mais espaço
para esperar
A oportunidade finda.

A chuva falta,
o sol esquenta
O amor cultiva-se
de forma lenta.

Se queres recomeçar
dá mais um passo
Podemos nos encontrar
afinal só estamos separados
Por assinatura e um traço



dc

sábado, 10 de março de 2018

SOmos quem Somos



Diz-me, sim diz-me, porque não hei-de ser quem sou, porque modificar-me ao teu gosto, para que tu te sintas bem? Eu sei que devemos partilhar, afinar consensos, sermos sérios, um com o outro, mas não temos de ser iguais, talvez o mais próximo será... nos completarmos. Não somos nem sósias nem gémeos, somos dois seres humanos que se amam, e isso é o melhor que nos acontece, se avançarmos para o controlo, por cada um, do que somos, o que resta daquilo que nos uniu à partida.

dc

quarta-feira, 7 de março de 2018

Se ela falasse





Deixaste-me suspensa, gozando do meu ambiente, Eu sabendo-me presa, mesmo assim gozava a liberdade de ser quem sou. Não tinha tudo o que ansiava, mas continuava a ser atracção de muitos olhares, a manter o meu cheiro, que me fazia ser admirada. Acompanhada com quem gostava de estar e com o gosto nas cores do vestir. Os requebros da forma, mantinham-se vivos e procurava respirar intensamente para que me mantivesse viva o mais tempo possível. Quando pela primeira vez me observaste, senti-me um pouco inibida e não fui capaz de chegar mais perto, embora reparasse no teu interesse. O Vento ajudou a chamar a atenção sobre mim, possivelmente terá sido ele que te levou a que me descobrisses, por isso estou-lhe grata. Foste alguém que preferiu a manutenção da minha liberdade e vida, a ser colocada na água fria de uma relação de duração duvidosa. Apreciei, e embora sejamos só nós dois a viver o momento, no silêncio que sempre me rodeia, sei que todos acabarão por ficar gratos por não me ter afastado.  

dc.

domingo, 4 de março de 2018

Droga "dura" este amar




Sabes, tenho de confessar, não sei o que hei-de fazer quanto a nós, ou melhor dizendo, quanto a mim. Li imenso sobre autoestima, pedi conselhos, falei com psicólogo e li muito tentando perceber. Os meus amigos mais chegados, estarão certamente cansados de serem ombro das minhas angústias, das minhas queixas dolorosas, dos meus choros pela tua falta, de manifestar-lhes o meu desejo de que  fosses o pai dos meus filhos, se os viesse a ter. Eles próprios, meus amigos, sem saberem muito bem o que fariam em caso semelhante.
Fiz um levantamento das incompatibilidades, das coisas comuns, do que nos une e desune, dos afectos, da razão que me liga a ti. Procurava descobrir as razões porque te afastavas, pois tenho a sensação de que te aproximas conforme as tuas necessidades físicas, ou quando te sentes perdido e isolado dos demais, ou ainda quando tens tempo livre. Por vezes penso, que avaliando tudo, com a distância necessária, não deveria sentir-me assim. Na realidade nada explica este registo de ti, que não sai dentro de mim. Chamam-lhe apego, dependência, uma série de termos justificados, dos quais não consigo encontrar, no meio de tudo, o passo certo para que mude e possa reformular tudo aquilo que são os meus afectos, a minha própria personalidade, que se recente, como toda a minha actividade social profissional e familiar. Imensas vezes estaciono o carro em lugar sossegado e dou largas ao choro atenuando a dor que me consome. Dizem que o amor não se explica e surge de forma inesperada, que não se deve formular opinião racional sobre ele. No entanto tenho para mim – e não sigo o conselho – que o amor não pode trazer para dentro de nós esta dor que nos transtorna e anula a capacidade de raciocínio inteligente e adequado. És como uma droga dura que lentamente se foi introduzindo no sangue, alimentando ilusões e dependência, que sem ti, sinto-me com ressaca, sem ter encontrado a metadona psicológica, ou o centro de recuperação apego-dependente capaz de me tirar-te do sangue.
Tento imaginar o meu mundo sem ti, reformular a vida seguindo outros passos. Procuro incessantemente, nesse mesmo espírito, de que o amor é inesperado, preparar-me para estar aberta ao surgir de uma nova oportunidade, de eu partir para algo melhor e superior  que não este abuso sentimental, mental, físico e irracional que ainda está presente em mim. Terei de recuperar o meu eu.

dc


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Fevereiro 2018





Acordei a pensar que este mês era o ideal para poupanças, quando dei por mim estava a fazer contas e a constatar como estava enganado. O mês mais pequeno do calendário, que deveria ser aquele em que melhor se adaptaria o dinheiro aos gastos diários, afinal é um logro. A ideia da poupança foi engolida rapidamente por motivos vários, entre os quais a criação de dias especiais como Carnaval, o Dia dos Namorados, Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, Dia Internacional da Criança com Cancro, já sem falar duns quantos que existem para cada dia do mês, como o Dia do Engolidor de Espadas, que não percebi a razão da sua importância (possivelmente correm o risco de se cortarem e não terem seguro). De todos esses dias de gasto, os dois primeiros são os de maior despesa. Por isso, voltamos ao mesmo problema que sempre aflige as pessoas “sobra mês e falta dinheiro”, como em todos os outros meses do ano.
Faz-me confusão, e fico a pensar quem inventou estas merdas, que da maior felicidade e alegria do Carnaval e dos Namorados, se passe para a maior tristeza e dor de alma dos doentes contra o cancro. Será que somos só nós os portugas os masoquistas, que criamos todos estes dias especiais e intermitentes, para que nunca nos possamos esquecer de que a felicidade tem um tempo curto de existência...

dc